Aí o pessoal reclama

Buzinas, freadas bruscas, costuras mil, xingações, nunca um gesto de educação ou de solidariedade, nem pensar em diminuir um nada a velocidade para que o motorista da transversal tenha tempo de entrar na via principal, de maneira alguma parar para que o da frente estacione, avançar em cima de qualquer pedestre que se atreve a atravessar a rua na faixa, mesmo que seja uma mãe empurrando um carrinho de bebê, ou um cego sendo guiado, ou uma grávida ou sei lá quem. Acho que nem sendo o pai do maldito motorista.

Motoqueiros, no estilo: “retrovisor pra quê?”, disputando o troféu “Buscando a mamãe com pressa” em todos os momentos, em todos os lugares.

Ciclistas na contramão, em ciclovias ou fora delas, ou, ainda, no meio da rua. Para ajudar, pedestres que cruzam as onde bem entendem.

Retrato de Calcutá ou Nova Delhi, Chennai ou outra cidade da Índia, onde o caos no trânsito é quase cultural? Antes fosse: trânsito em Joinville, a aristocrática Cidade dos Príncipes, a tecnológica Manchester Catarinense.

Há poucos dias aconteceu um seminário sobre trânsito em Joinville. Um especialista defendeu a tese de que é preciso educar os jovens para resolver o problema. Eureka! Mas, será que isso é suficiente? O projeto “Aluno Guia” está com quase 20 anos de aplicação e é muito educativo, no entanto, os jovens – justamente aqueles que estão na idade de terem recebido os benefícios do programa – são verdadeiros trogloditas no trânsito: não respeitam nada nem ninguém e se julgam o máximo por se comportarem assim. O programa é ruim ou a sociedade é uma porcaria? Aposto no segundo: os jovens aprendem algo na escola e veem os pais, irmãos mais velhos, enfim, todo mundo – e isso inclui motoristas e pilotos de um sem número de veículos oficiais – fazendo o contrário do que aprendem e tirando vantagens com isso. Como a lei vigente é a da vantagem, não é preciso grande poder de previsão para saber onde a corda arrebenta.

A solução é fácil: educação para todos e multa nos infratores. Todos que é possível multar, e enquadradas nos que não se consegue multar, inclusive pedestres e ciclistas. Falei isso para uma autoridade. Resposta: “Mas aí o pessoal reclama”. Pense num palavrão. Pensou? Agora me responda: autoridade existe para administrar e para resolver os problemas ou para ter medo de reclamação por causa da próxima eleição?

Enquanto isso, o trânsito...