NO PEITO A PAZ

NO PEITO A PAZ

O caos implantado no Rio de Janeiro no mês de novembro incomodou o Brasil de uma forma especial. Será que teríamos que nos conformar com uma situação na qual parecia impossível qualquer solução próxima?

Um garotinho, morador do Complexo do Alemão, pintou no seu corpo sem camisa o desejo de PAZ. Se o Estado não consegue garantir direitos tão fundamentais como a segurança e a ordem, como responsabilizar aqueles, menos favorecidos, que encontram nas favelas seu lar, pela marginalidade e o crime organizado que ali se instalam? A ausência do Estado dá poder as facções criminosas, e estas oprimem as comunidades.

Assistimos nesta sexta e domingo, após um esforço conjunto das várias esferas de governo, um fato inimaginável até então: em questão de horas a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão foram retomados pelo Estado Brasileiro. A população observou a tudo atônita e em êxtase. Aparentavam não se importar com o risco, queriam ver tudo da janela de suas casas. Não querendo cometer nenhuma heresia, mas parecia o Apocalipse ao contrário.

Bastou uma ação de três dias para trazer de novo a esperança, recuperar a confiança no Estado, fazer-nos entender novamente o papel das forças policiais. Neste momento, essa esperança contagia não só o Rio de Janeiro, mas todo o Brasil, aumentando a responsabilidade de nossos governantes, a quem se pudesse, diria: com esperança não se brinca!

Aquele garotinho que pintou a paz no peito, trazia nos olhos a nossa esperança. Naquele momento, finalmente, tinha a opção de escolher como heróis aqueles soldados que libertavam sua comunidade, ao invés de permanecer num pesadelo, no qual a figura mais próxima que ele poderia admirar era o dono do morro e seus comparsas, que ofereciam como opção o “plano de carreiras” do tráfico, ou seja, a morte certa, a opressão e a infância perdida.

Mas seja como for, com os olhos no futuro, esperamos que a paz permaneça, que a liberdade se renove, e que o Estado se faça presente para que o Rio possa se tornar uma cidade democraticamente maravilhosa!

Paulo de La Mancha
Enviado por Paulo de La Mancha em 29/11/2010
Reeditado em 30/11/2010
Código do texto: T2643407
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