Mar de reflexão

No fim da sina

rutila, ao longe -

quebrado pelo vento -

o eco de quem enxerga;

e o Capitão, atento,

já se apraz da antevisão

e sente:

Somos o que queremos ser

E o Ar há de nos trazer

a resposta.

O mastro se parte.

Já não há mais tempo para pensar o que se é,

Ou ser o que se pensa;

Dois destinos permeiam a volta:

um deles é o nada, absoluto -

confunde a todos, causa pânico (é desconhecido) -;

o outro, é a esperança.

No meandro silente e fugaz do meio segundo,

diante da massa corporal, a alma cintila - e é só sugestões.

Os esteios se partem.

Com força, os ideais são jogados ao mar.

O que ser?

Deus, o que Ser?

Já não há mais atenção disponível às hipóteses:

tudo, agora, é o que é, sem máscaras;

e o que sobra, em todos, é a ideia que sem a experiência,

não há resposta.

Os laços se partem.

Desapegado, reflete um tripulante, genuinamente -

e agora, talvez não tarde, com fulcro no Capitão:

“E então voltemos, seres,

Sejamos de novo o que não pudemos, ou não quisemos ser:

Um novo mar nos aguarda.”