Abençoado e amaldiçoado

Fui abençoado e amaldiçoado pela mesma pessoa em dias e circunstâncias diferentes. Foi num semáforo na cidade de São Paulo e na sugestiva Avenida Liberdade.

Na primeira vez o indivíduo me abordou e mostrou a carteira de trabalho e disse que se sentia humilhado. Precisava ficar ali, logo cedo, pedindo ajuda para comprar leite e outros produtos de necessidade para sua casa.

Tratava-se de um cidadão de boa aparência e tudo indicava que a situação dele era de fato como descrevia. Dei-lhe algum dinheiro e ele me disse: “que Deus te abençoe”.

O sinal ficou verde e eu segui o meu caminho.

Passados alguns dias e no mesmo semáforo ele veio de novo, com a mesma história. Ele não me reconheceu. Desta vez, como na anterior, eu o ouvi, mas neguei-me a lhe dar algum valor. Ele me disse: “o diabo te ama”.

O sinal ficou verde e eu segui o meu caminho.