Belô
 
Belo Horizonte, BH, Belô ou mineiramente Belzonte. Não importa o nome dado a essa cidade que tanto amo e a qual tenho ido tão pouco nos últimos anos. Mas estive lá, mal cheguei aqui. Fui a trabalho, participar do lançamento de dois programas culturais, Grandes Escritores e Livros para voar. Mas isso é assunto para outra crônica. Agora quero escrever sobre coisas diferentes. Sobre o Mercado Municipal Central, por exemplo. Ou sobre a Livraria Leitura, bem ali no Shopping Cidade. Pois foi onde fui e me diverti.
 
O Mercado Municipal de BH não é tão bonito quanto o de São Paulo. Nem tem aquele pão com mortadela, nem o pastel de bacalhau. Nem aquelas carnes de animais estranhos que me fizeram ficar assentada  frente a elas por um bom tempo, examinando, de longe, uma por uma. Mas é o Mercado mais interessante e diversificado que eu já conheci. Faz anos e mais anos que eu tomo o café da manhã ali, diariamente, quando estou na cidade. O local é o mesmo, mas já mudou de nome. Não tem café melhor no mundo. Sempre o tomo acompanhado de broa de fubá com queijo. E um copo de água de torneira. Que é filtrada. E bato um longo e repousante papo. E depois me perco no labirinto que seus inúmeros corredores e não sei quantas saídas criaram. Artesanato, louça, flores, sementes, temperos, pimentas e mais pimentas, panelas de ferro e alumínio e outros materiais, animais entre vivos e mortos, castanhas, sorvetes, verduras, legumes, grãos e farinhas, bares e restaurantes, enfim tudo o que se pode ter em um bom mercado e mais um pouco. E mais, limpíssimo. Nem sempre foi assim, tão limpo. Mas agora parece preparado para receber visitas. Não comprei muito ali.  O meu objetivo mesmo era a levar temperos novos para a minha cozinha. Então fui, comi e comprei e logo saí para dar uma voltinha no paraíso. A Livraria Leitura, lá no último piso do Shopping. Só não fui direto porque outro prazer que tenho é olhar vitrines com sapatos. Mas só olhar, que não sou nenhuma centopéia.
 
O prazer que sinto em uma livraria é indescritível. Andar por aquelas bancas onde estão agrupados diferentes espécies de livros. Sentir o cheiro e a textura de cada um. Admirar a qualidade da capa e do livro em si. Ler os resumos e depois comprar. Essa é a parte mais difícil porque nunca estou satisfeita, sempre querendo mais. Tenho que me policiar para não levar mais do que posso pagar. Mas sou boa nisso. Dessa vez comprei áudio-livros para meus irmãos deficientes visuais, livros para presentear amigos ocultos, a menor agenda que consegui encontrar, um caderno da Tribo e livros para enfileirar na minha prateleira de espera. Que tal e qual o cordão dos puxa sacos cada vez aumenta mais. Dessa vez comprei Onde foi parar nosso tempo? De Alberto Vilas, Parem de falar mal da Rotina, de Elisa Lucinda Mil livros para ler antes de morrer comprei na ilusão de retardar a morte. Um livro com 21 entrevistas, Conversas entre Escritores, pensando em quem sabe, aprender alguma coisa e finalmente, de Harold Bloom, Gênio em que esse cânone da literária discorre sobre a genialidade de 100 autores especialmente criativos. Até parece que estou indo para férias em uma ilha deserta. Mas que nada, é vício mesmo. Tal qual esse que tenho de escrever aqui. Nem que seja para contar lorotas.