“PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS É REFRESCO”!

Passados vinte anos, o povo brasileiro teve novamente a oportunidade de escolher livremente seu presidente da república. Talvez pela falta do hábito, essa primeira escolha não foi muito feliz. A opção popular foi por um candidato de boa aparência, de família rica, imponente e bom falante. Contudo, desprovido de um plano de governo consistente, cuja bandeira era a caça dos “mararajás” do serviço público. Com intuito de conter a inflação, Sua primeira ação na área econômica foi a retenção dos ativos financeiros nos bancos acima de NCz$ 50 mil. Disponíveis na poupança e em outros investimentos, por um prazo de 18 meses.

Quando tal confisco aconteceu, muitas pessoas ficaram desesperadas. A indisponibilidade do dinheiro trouxe muito transtorno para o poupador. Na minha terra houve gente que vendeu seus bens (casa, terreno, fazenda), colocando todo o dinheiro na caderneta de poupança, atraído pelos altos juros pagos pelos bancos. No entanto, viu tudo que construiu ao longo da vida, sumir como fumaça. Tudo isso, por um ato insano de um presidente inconseqüente. Relatos existem de pessoas que foram levados ao suicídio por não poderem saldar seus compromissos, em decorrência dessa famigerada medida governamental.

Eu particularmente não fui atingido, pois não tinha dinheiro na poupança. Lembro-me de um fato engraçado que ocorreu durante aquele período, que passo à apreciação dos meus queridos leitores. Vamos a ele: toda semana costumo ir a minha chácara, que dista aproximadamente 18 Km da cidade de Uberaba-MG, onde resido. Chegando lá, tenho por hábito visitar os vizinhos. Numa dessas visitas, o “peão” de uma dessas fazendas parou a ordenha das vacas, vindo a reclamar do governo. Dizendo ser um absurdo um presidente eleito pelo povo, se voltar contra população, roubando o “dinheirinho” suado de pessoas de bem, como ele. Falou, esbravejando-se, até escumar a boca.

Depois de ouvi-lo calado por um bom tempo, perguntei: quanto o senhor tem na caderneta de poupança, ele respondeu incontinente, que tinha em torno de 10 mil cruzeiros novos. Então, disse a ele: o senhor não foi atingido pela medida, pode ir até ao banco que seu dinheiro continua disponível, isto é: pode tirá-lo a hora que quiser. Ele ficou mudo e voltou imediatamente para suas vacas. Depois de algum tempo, após ter terminado sua tarefa, retornando de sua lida. Disse sem maiores delongas, sabe doutor, tive pensando: “o presidente não está errado em fazer esse bloqueio, ele está é muito certo. O senhor verá, agora o Brasil vai dar certo”...!

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 03/12/2010
Reeditado em 26/03/2012
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