Uma Cadeira Vazia

Uma cadeira vazia

De repente,estirada no sofá,escutando música,senti um mal estar.

Ironia!

Olhei à frente e vi a poltrona vazia,almofadas geladas,poltrona,outrora ocupada por minha mãe em suaves e frutíferas conversas,conversas que iam da literatura à filosofia na qual ela era formada.Mas,na poesia é que ela se realizava,sempre agarrada na Antologia Poética de Carlos Drummond de Andrade.declamava para mim seus versos.

Um dia sumi com a Antologia para ler sózinha e ela logo deu falta,aquele livro,me disse ela,não emprestava .

Agora,sentada fabricando meus arremedos de versos,cronicas, contos,sinto falta intensa desta amiga,alguém que ocupe a poltrona,agora vazia,abandonada, e que fosse ,verdadeiramente,uma amiga.Minha crítica literária!

De quantas frias me tiraste!Quantos versos inadequados cortaste!

Sómente em ti,tinha confiança para criticar meus escritos,como usualmente ocorria ,embora naquela épocaa escrevesse pouco.

Tenho conhecidas,e minhas amigas de colégio,infância ,migraram para outros espaços.

Agora ,mais velha, fica difícil encontrar uma amiga "do peito",com amor,para me fazer pequenas sugestões ou jogar fora um conto por mal escrito, e me contento com a música,com os estudos e sigo escrevendo ,conformada,sem crítica e olhando a cadeira vazia...

Suzana da Cunha Heemann
Enviado por Suzana da Cunha Heemann em 09/12/2010
Reeditado em 23/01/2011
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