DE SACO CHEIO

DE SACO CHEIO

Já encheu-me o saco ver na tevê, políticos amorais, inescrupulosos, imunes, impunes, pilantras, gatunos, salafrários, de almas e fichas sujas, falando em nome da lei, da moral e dos bons costumes, com contas bancárias milionárias, de dinheiro público roubado depositado fora do país. Já encheu-me o saco ver na tevê um jornalismo tendencioso, subserviente, medíocre, conivente, de faz de conta, que empana a verdade em detrimento do direito do conhecimento público, precedido por um lixo de programações despejadas em nossas casas, como se as mesmas fossem depósitos desses excrementos produzidos sob os auspícios desses diretores irresponsáveis, insanos e nocivos a saúde social. Já encheu-me o saco esse fanatismo insano e doentio no futebol que se ver no rádio, na tevê,na imprensa, na mídia em geral, que nada mais é senão um instrumento de manipulação, de frívola alegria com dimensão irreal, que alimenta as massas com um fútil sentimento de vitória, ao mesmo tempo que engorda a conta bancária dos jogadores, dos dirigentes e dos clubes. Já encheu-me o saco essa antiga e pretensa ortodoxia romana que de forma impositiva arvora-se ao direito de transformar pessoas, limitados seres humanos, pobres e miseráveis mortais, comedores de carne e farinha, em santos milagreiros, canonizando-os, como se o céu fosse no Vaticano e os seus mandatários deuses. Já encheu-me o saco e inflamou-me o tímpano, ter que deglutir pelos ouvidos a indigesta sonoridade das aberrações, daquilo que convencionou-se chamar de música: axé, funk, forró universitário e outros abortos musicais, que à custa de jabás ( dinheiro pago as emissoras de rádios para tocarem a música), passam a ser tocadas nas diversas capitais do país, infectando os sensíveis ouvidos musicais. Encheu-me o saco o eufemismo das palavras que na infeliz tentativa de um tratamento carinhoso – ou preconceituoso? Chamam ao feio de bonitinho, ao negro de escurinho e ao gordo de gordinho. Vou parando por aqui, é que eu já estou de saco cheio.

Percílio de Aquino
Enviado por Percílio de Aquino em 10/12/2010
Reeditado em 09/02/2011
Código do texto: T2664514
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