Meu inesquecível postal

Lembro-me bem do dia em que ele chegou!

Selado, carimbado, reconhecido, endereçado, CEP, cidade, todo caprichado, sem nenhuma chance de não me encontrar.

Quando abri o envelope, era um cartão postal que de imediato não reconheci a paisagem mas, me bateu uma saudade daquele lugar desconhecido. Aquela imagem me fazia recordar e me aflorava sensações que, por mais que me esforçasse, não conseguiria decifrá-las.

Parei um pouco. Respirei. Forcei a memória, fixei o olhar, mas... Nada!

A sensação da imagem daquele postal, onde ao fundo existia uma floresta que me chamava atenção pelo tom das flores das árvores, todas vermelhas, e que confundia com a imagem de uma pessoa que caminhava com ar de desesperada, por talvez não encontrar saída naquela imensidão...

Porém, observando melhor, percebi a presença de uma outra pessoa, que fazia alguns gestos e parecia que oferecia ajuda.

Aquele postal ficou muito tempo sem sair da minha memória, mas por mais que tentasse não conseguia traduzí-lo ou entendê-lo.

Depois de muito tempo, encontrei uma amiga e ela me perguntou se eu tinha recebido um postal dela. Nesse momento lembrei-me do tal postal perturbador, e foi aí que veio a resposta ao impacto que aquela correspondência tinha causado.

Com a simplicidade que era peculiar, aquela minha amiga, foi logo me dizendo:

- Aquele postal é uma paisagem da sua cidade natal e que me lembrou muito você. Hoje você mora na cidade grande, e sei que você adora a loucura das luzes, das oportunidades que ela te proporciona, mas você também não consegue esconder que vive o tempo todo perdido, solitário, sem saber muito o que fazer...

Fiquei um tempo pensando no que ela tinha me dito e perguntei:

- Mas existiam duas pessoas, e a outra pessoa?

E ela me respondeu calmamente:

- A outra pessoa sou eu, querendo sempre ficar ao seu lado. Querendo procurar caminhos prá nós dois, seguir junto, mas você nunca me percebeu...

O tempo passou e hoje, quando me lembro dessa história, fico querendo muito encontrar essa amiga.

Será que ainda há tempo? Será que ainda a encontro?

Por onde ela andará?

Chicosferreira

17/10/06

Campinas/SP/Brasil

Desenredos de um Xikoloco
Enviado por Desenredos de um Xikoloco em 17/10/2006
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