25. Roma: à chegada e à partida

Cheguei a Roma receoso com o receio com que sempre chego a qualquer sítio que visito pela primeira vez e parti de Roma sem o sem receio com que sempre saio quando o sítio que visitei me deixou qualquer coisa de si em mim e eu nele.

Não sei bem nem tenho artes de adivinhar se alguma vez no meu futuro, irei regressar a Roma, mas se puder, quero regressar aqui. Espero então desejar entrar no Coliseu. Hoje, não, aquela gente toda, o calor insuportável e a miragem de uma sombra quieta, fizeram com que entrasse no metro do Coliseu em vez de entrar no Coliseu.

Até agora não me arrependi, mas posso bem vir a arrepender-me sabe lá Deus quando e então direi eu bem devia ter dado ouvidos ao meu filho Júlio. Mas, tirando essa possibilidade, não tão remota, de cair em mim e de me vir a arrepender, vou-me esforçar para no caso de isso suceder não dar publicamente o braço a torcer. Vou manter isso só para mim e isso morrerá comigo.

Tirando a decisão de não entrar no Coliseu, fui a tudo o que desejei ir, mas, ao chegar à estação de Roma_Termini apanhei um susto no caminho entre a estação e a hotel. Para não aborrecer quem quer que seja, tento contar em três penadas o sucedido. Fui informado, percebi com alguma dificuldade, do trajecto de metro e de autocarro até ao hotel.

Meti-me a caminho, quando dei por mim, havia tomado uns dois autocarros e o último deixara-me no meio de um acesso a um desvio de auto-estrada. Debaixo de um sol abrasador.

Passavam carros, camionetas, camiões, motas, os condutores olhavam para mim, nada de vir o tal autocarro. Quando veio, estava eu quase desidratado, o novo autocarro levou-me para sítios que eu julgara impossível ver em Roma.

Desci num descampado, o hotel é por ali. Fui por ali, fui indo por ali, gritei para alguém que estava num balcão de um terceiro andar, estou no caminho certo, até que o condutor do autocarro no seu carro passou por mim e levou-me até ao hotel.

Olhei para o relógio do telemóvel, fiz as contas por alto, levara quase três horas da estação ao hotel e estava desidratado.

Na entrada, apesar de cansado, o recepcionista, interrompia cada minuto a nossa conversa para atender telefonemas. Por favor, dê-me um minuto de atenção.

Disse que dava mas não deu, quando acabei, corri ao elevador, não consegui faze-lo andar, não me disseram como utilizar o cartão, quando me disseram, indicaram o piso errado e quando finalmente cheguei ao piso certo tive de novo que vir à recepção para acertar o cartão.

Quando me apanhei no duche tomei um duche tão quente que fiquei com a pele vermelha, mudei de roupa e apanhei logo a correr a ligação com Roma.

Morria de cansaço, o duche retemperou forças e lá aguentei até à meia-noite.

França, Normandia

Gisórs, 12 de Julho de 2010

Mário Moura
Enviado por Mário Moura em 17/12/2010
Código do texto: T2676640
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