O IMAGINÁRIO DO RECANTISTA

O que nós escritores amadores pensamos, quando enviamos nossos textos? A quem eles são endereçados, queremos mudar o mundo, ou simplesmente sermos notados? A resposta unificada é difícil, visto a variedade de personalidades que se dispõem a emitir seus pensamentos nesse importante meio de comunicação.

Contudo, algo é comum a todos nós: uma ansiedade muito grande em passar alguma coisa a outrem e também de sentir o impacto dessa novidade em nossos pares. Abrimos diariamente nossas escrivaninhas, clicamos em textos e posteriormente nos comentários recebidos. Primeiro para saber se somos lidos, depois se merecemos por parte dos leitores uma atenção especial.

Curiosamente, os escritores mais velhos são mais atenciosos, geralmente, quando alguém dessa faixa etária recebe algum comentário, imediatamente, entra em contato com o comentarista, ou procura textos de sua autoria, devolvendo a gentileza. Isso nem sempre acontece entre os mais jovens, de modo geral, são mais voluntariosos escrevem e pronto, aparentemente não ligam para o impacto de suas palavras.

Entre os escritores, observa-se que alguns escrevem com cuidado, tocam as teclas do monitor com muito carinho e atenção como se fosse um instrumento musical, ou um ente querido. O resultado é um embevecimento instantâneo por parte dos leitores. Outros são mais incisivos, diretos dão o seu recado e pronto. Geralmente são homens inconformados com a realidade.

As mulheres, geralmente são românticas e gostam de se dirigirem a alguém em especial, muitas das vezes a sutilidade com que fazem isso escapam à percepção dos mais atentos. O fato é, que todas as nuances do pensamento humano, não importa o gênero, são expressas de uma forma ou outra nesse site divino. Por outro lado, nunca recebi comentários ofensivos. No entanto, percebe-se que existem divergências de opiniões, muitas vezes levam a verdadeiros embates intelectuais. Muitos, preocupados com o impacto dessas, só liberam os comentários recebidos, após censura prévia.

O que mais me espanta é que jamais encontrarei qualquer um de vocês, e vice-versa. Nós na verdade não existimos, somos apenas palavras impressas numa máquina brilhante. Somo próximos, revelamos coisas de nossa intimidade, mas somos virtuais. Na verdade, um para o outro não existimos fisicamente. Quebrar esse acordo é fugir das regras, constituindo um risco que ninguém quer correr. É terrível, mas é assim!

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 23/12/2010
Reeditado em 06/01/2011
Código do texto: T2688339
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