SILENCIO

Muitas vezes, vivemos uma vida em detrimento de outros.

Procuramos proteger a todos a quem nos rodeia. Vivemos a entregar tudo o que temos na tentativa de sermos felizes.

Nesta correria da vida, neste balanço das águas, esquecemos o que somos e quem somos. Perdemos o ponto de referência do nosso próprio "eu".

Nos esquecemos de valorizar a nós mesmos.

Muitas vezes, nos esquecemos de olhar no espelho, que se encontra a poucos metros de nós, tão perto de nós.

Muitas vezes, nos identificamos a iguais a elefantes, desconhecemos a nossa própria força.

E quando acontece isso, nossa pele vai se enchendo de rugas. Nosso corpo já não obedece ao nosso cérebro. Nossos olhos já se ofuscam, já não são mais os mesmos. Nossos passos diminuem. O ponteiro do velocímetro está retornando ao seu estado de repouso absoluto.

No entanto, chegou a hora de recolher o que sobrou da festa. Os convidados já se foram. As cadeiras se encontram vazias.O bolo acabou.

O que nos resta são pedaços de bolos jogados, copos de cervejas abandonados.Talheres e pratos de papéis ao chão.

Não se ouvem mais risos e nem brincadeiras.

Não se ouvem mais alaridos.

Não se ouvem mais músicas e nem pessoas dançando.

Alguns ainda embriagados, insistem em ficar de pé, mas, algo mais

forte, lhes obrigam a ficar ali mesmo.

E assim, foi-se uma vida, talvez, será que foi vida?

Não haverá outra festa...