IGREJA DE SANTA TEREZINHA

Por estes dias algumas das coisas que andei lendo, faziam menção à Igreja de Santa Terezinha. Agora mesmo num trecho de "A Descoberta do Mundo", de Clarice Lispector, que acabei de ler, está lá:"Meu táxi aproximava-se do túnel que leva para o Leme ou para Copacabana, quando olhei e vi a Igreja de Santa Terezinha."

Essas referências me levaram de volta ao passado, aos dias da minha infância, porque a Igreja de Santa Terezinha foi presença constante em um certo período da minha vida: dos 7 aos 12 anos. Era lá que nós, eu e meus pais íamos à missa nos domingos e dias santos.

Igreja de Santa Terezinha. Parece-me vê-la, recostada no Morro do Pasmado, juntinho do Túnel Novo. Já naquela época sua arquitetura fugia um pouco ao tradicional e suas linhas tendiam para o moderno.

A nave central, grande e espaçosa, dava abrigo a um bando de andorinhas que esvoaçavam no ar distraindo os fiéis daquilo que se passava no altar e, "mea culpa", me incluo nesse grupo. Desde então as andorinhas me lembram igrejas. Não sei se são seu habitat natural, ou se o fato não passou de mero acaso.

Terminada a missa, ainda rezada em latim, o que contribuia ainda mais para as crianças ficarem alheias ao ato, lá ia eu à sacristia à procura do padre para que apuzesse sua assinatura na caderneta escolar, comprovando assim o meu comparecimento ao ofício divino. Essa comprovação era essencial porque influia na nota relativa às aulas de Religião e, em consequência, na média geral.

Minha família era católica, mas daquele tipo que se limita a cumprir o estritamente necessário para não cair em pecado, classificação esta aliás, que se aplica à grande maioria dos católicos que conheço.

Nossa participação no calendário eclesiástico (domingos, dias santos, quaresma, semana santa e páscoa) era feita ali na Igreja de Santa Terezinha que ficava próxima do local em que eu morava.

As demais datas religiosas eu as cumpria no colégio em que estudava, o qual possuía ampla capela onde as alunas se reuniam comungando entre sí a devoção, o entusiasmo e a alegria. Tudo isso sob as bençãos das irmãs e do Padre Agostinho, pároco da Igreja de São Paulo Apóstolo e nosso muito querido mentor espiritual.

Assim foi que a Igreja de Santa Terezinha me fez companhia nestes meus dias de solidão, preenchendo muitos dos meus vazios.

Foi uma boa lembrança.

Ago-2004