BALANÇO DE FINAL DE ANO

Minha esposa e filho foram visitar uma filha nossa, que mora em Curitiba. Eu não fui com eles, afinal são 14 horas de ônibus e como não gosto de viajar de avião, preferi ficar. Minha única companheira nesses dias foi minha cadelinha, uma “bassê salsichinha” de 14 anos de idade. Ela ficou muito triste com a partida da família. Pois, gosta mais de minha esposa e de meu filho do que de mim. Todavia, depois da saída deles, ela apegou-se a mim, me acompanhando por toda casa, parece estar com medo que eu deixe-a sozinha em casa.

Não ter com quem falar, ás vezes é bom, faz com que tenhamos mais tempo para refletir sobre a nossa vida. Passo o dia vendo televisão, no computador ou lendo. Esse período tem sido difícil, visto ser muito dependente de minha esposa, afinal são 30 anos juntos. Entretanto, estávamos precisando de umas férias conjugais. Tanto ela quanto eu, estávamos sentindo um pouco desgastados. Mesmo porque, atualmente, passamos uma fase de transição, afinal há poucos meses casaram nossas duas filhas em um único mês. Essa mudança trouxe uma sensação de perda e solidão. Compensada por outra, que é a do dever cumprido.

Hoje sozinho em casa, tento organizar minhas idéias. Primeiro faço uma retrospectiva de nossa vida conjugal e até aqui o saldo foi positivo. Contudo, poderia ter sido melhor, como tudo na vida. Por outro lado, confesso que particularmente, sou um pouco chato, deve ser a idade, mas sou um marido inteiramente fiel, mesmo depois de tanto tempo juntos. Ela é ótima companheira: “uma vida inteiramente dedicada à família”.

Estou perto da aposentadoria, tenho 57 anos de idade, porém como exerço profissão insalubre, as regras do funcionalismo me permitirão requerer a aposentaria a partir de março do ano vindouro. Por outro lado, apesar da calvície parcial e dos cabelos brancos remanescentes, ainda estou bem de saúde e meu corpo, ainda não acusou o peso dos anos. Tenho outra atividade profissional, exercendo-a em uma instituição particular.

As idéias que passam na minha cabeça são conflitantes. Encontro-me no período de férias, mas meu cérebro ainda não desligou totalmente dos afazeres profissionais. Muito embora, noto que dia a dia vou me acalmando. Tudo isso, vem possibilitando uma volta para dentro. Permitindo uma melhor reflexão sobre a minha vida até aqui, e como deverei encaminhá-la daqui prá frente. Afinal, estou entrando na velhice e preciso me preparar para esse derradeiro período da vida.

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 29/12/2010
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