Sobre nada

Oi, minha vida é vazia e eu não tenho nada pra falar. Eu tenho usado o recanto das letras porque ninguém fala comigo no msn, e, mesmo que alguém falasse, eu não poderia ser tão sincero quanto eu sou aqui. Eu sou muito sincero, e eu só tenho usado isso aqui pra desabafar. Eu já escrevi bem, mas acho que cheguei ao ápice e desci. Não consigo mais atingir o grau poético de antes. Tornei-me um chato, como muita gente já tinha até previsto. Trabalhar num banco não é nada poético, a vida nos consome, não tenho tempo pra ler poesia mais, nem nada. Não tenho tempo pra mim mesmo ultimamente.

Ontem foi virada de ano e eu não fiz nada. Dormi, acordei meio lesado na hora dos ínfimos foguetes de Brasília, e tornei a dormir. Estava de mau humor. "Trabalhei" de manhã. Bati o ponto e não fiz porra nenhuma. 2011 tem me deixado nervoso. Vou formar, vou sair de Brasília. Estou ansioso, sou muito ansioso. Quero me ver livre da ridícula e inútil faculdade de economia o mais rápido possível. Me arrependo por ter feito o curso, embora não me arrependa da oportunidade que ele me concedeu. No Brasil ninguém tem saco pra fazer cursos com muita matemática, e aí, eles pagam bem pra quem é formado nestas merdas. Ganho bem, mas desperdicei, até agora, três anos da minha vida. E lá vai o quarto e último. E hoje não fiz nada, não falei com ninguém, recebi duas mensagens de ano novo que respondi só por educação. Eu sou uma espécie de Grinch do ano novo. 95% dos reveillóns da minha vida eu passei em cidades das quais todo mundo foge, por isso sou bem traumatizado com ano novo e acho um saco. E nunca passei nenhum de branco, e não acredito em simpatia. A única ação de mudança que fiz hoje foi trocar as músicas do meu celular, que ouço todo dia. Por músicas mais agressivas. Sugestões de artistas legais que eu descobri, e quase ninguém conhece, são os de "witch house", um gênero novo de música eletrônica que vem rolando nos EUA. Artistas adicionados à minha playlist: oOoOO (é, o nome é estranho mesmo), Salem, White Ring, e os velhos amigos Marilyn Manson e Nirvana (que há pouco tempo eu relembrei, e tinha muito tempo que não ouvia e agora não consigo parar de ouvir). Cradle of Filth também faz parte do show, desde os meus treze anos tenho ouvido esses caras malucos e meio clichês. Mas as letras deles em inglês são muito boas. Radiohead, algumas músicas do Nine Inch Nails e o mais dançante Gui Boratto integram o resto da lista. Que besteira falar isso. Como é possível de se ver, eu estou sem assunto.

Hoje é um dia de sábado com uma puta cara de domingo. A Dilma tomou posse hoje da presidência. Bom pra ela. Economista, mineira... Quem sabe um dia eu também não serei presidente. Se eu não der um tiro na cara antes. Ou beber uns quarenta comprimidos. Estou cansado, estou com sono.

Estou sem papo. Fazia tempo que eu não escrevia bonitinho assim, com pontuação correta e letras maiúsculas. Que tédio estou me tornando. Tenho mais saudades que esperanças. Esse ano faço 22 anos. Não tenho muita vontade de fazer 23. Não tenho nada pra fazer, aí escrevo aqui.

Fiquei imaginando a Ágatha Schwartz passando ano novo na Rússia ontem. Sua voz ainda ecoa na minha cabeça, aquelas ligações que fizemos um pro outro. Que voz mais sexy ela tinha. Imaginei também a Marchinna em Piemonte, olhando os fogos com seus olhos azuis. Uma ex-namorada minha na praia, embora não tenha boas lembranças dela, mas ela está na praia. Minha vida só tem fantasmas. A Rayssa, no sul, numa trance qualquer, linda e dançante. E muitas e muitas e muitas mais. A Isadora, sei lá onde, tinha tempo que eu não pensava nela, essa eu lembrei agora. Acho que ela formou esse ano na UnB. A gente fez vestibular juntos. Ela passou, eu não, daí que eu ainda vou me formar esse ano...

Eu só espero que algum psicólogo leia essa porcaria e me explique o que há de errado comigo. Um menino tão bom. Eu juro que tento ser malvado mas não consigo. Esse é meu erro fatal.

Ganhei um aparelho de barbear no natal. Ele é muito bom mas eu tenho preguiça de fazer a barba.

Eu já escrevi coisa muito pior aqui. Sabe, as pessoas gostam de estórias de fantasia, mundos do Senhor dos Anéis, Nárnia, 007. Pouca gente (inclusive eu) gosta da realidade. Mas a proposta desse meu texto é mostrar a realidade chata da vida. Que o ano novo não tem magia porra nenhuma, nem o natal. Que nada tem magia. Nem saída. Se você discorda é só não cantar comigo: "Everyday is like sunday; everyday is silent and grey..."

É né, chega.