Tapa Merecido...


Aos olhos do Pai, somos todos perfeitos. Ele nos presenteou com a maior de todas as dádivas, dentre toda a Sua criação: A liberdade.

Fez de todos os seres humanos seres livres, para usar o livre arbítrio e construir com Sua razão. A maior luz, o maior grau de lucidez que é a razão divina, as idéias claras e distintas que o homem iluminado detém e usa com sabedoria. Esta é a Graça Suprema.

Mas a liberdade, tão preciosa, recebida, foi usada para criar o juízo de valor. O critério de julgamento, este o mais injusto de todos, sempre passa pela estratificação e classificação das várias instâncias de amar. Assim virtudes como a humildade, a temperança, a moderação, a fortaleza e principalmente a castidade caem por terra quando as preferencias sexuais são colocadas em pratos limpos, estes se tornam mesmo sujos, sem possibilidade de hipótese nenhuma, para sua limpeza.

Em princípio os seres humanos parecem exigir de si mesmos a castração, e se não se sentirem castrados, não se sentem seguros ou seja: puros. Perdem a fé maior, que é a autoconfiança.

O homem que exerce a sua liberdade sexual, dentro ou fora do casamento é garanhão, e a mulher é leviana, devassa, e tantos outros adjetivos. Nesta injustiça, deixaram de considerar o supremo ato de amar - o mais íntimo, o mais perfeito e o mais puro ato de amar que é ato sexual, objeto de criar vida e ou de sentir e dar prazer - a magnitude, a simplicidade, a solução de todas as fontes de angústias, raízes de todos os males, e transformou num contrato, oficializando em cartório o amor.

Se empenhou em proibir a manifestação e prática da libido feminina definindo, se, e quando, esta poderia ser manifesta e aceita, não pela própria mulher, mas pelo outro. O grande outro social. E chamou isto de proteção. E de cara a mulher aceitou ser um ser menor, estava criado o cárcere da liberdade feminina.

Os humanos foram mais além e transformaram o trabalho na maior forma de controle desta libido, e todos os seres humanos passaram a usar, de forma exacerbada, o trabalho. Deixaram de trabalhar para viver, e passaram a viver para trabalhar. E assim, morrem cada dia um pouco mais.

Fingem-se de mortos para não exercerem o seu legítimo direito de gozo: O direito de cada ser humano ser amado no ato sexual. E ao fingirem-se de mortos, porque não ganham energia vital, quando chegam em casa, quando encontram uma namorada, ou uma amante, para num enfim sós, serem felizes, já não conseguem, estão sem interesse, encontram desculpas para continuarem mortos, sem esperança de ressuscitarem.

Assim um valor tão simples ganhou tanta importância que passou a ser vendido, através da prostituição masculina e feminina. Assim o sexo ganhou etiqueta. Pode ser artigo de luxo, com requintes de sofisticação, ou pode ser encontrado em qualquer esquina, a qualquer hora, nas formas, gênero, faixa etária e etnia que se desejar.

Amar é simples, em todas as suas instâncias de manifestação, amor infantil, adolescente, adulto, maduro, senil, fraterno. Sempre simples e pleno. Ato, revigorante, motivador.

Mas o homem não entendeu esta grandiosidade e se confinou na sua própria grandeza de liberdade. Criou grades nos mitos, prisões nos sentimentos, e se arvorou em juiz de si mesmo e do outro. Perdeu-se na Graça e acabou a piada.

Ibernise.
Barcelos (Portugal), 02JAN2011
Núcleo Temático Filosófico.
Ibernise
Enviado por Ibernise em 02/01/2011
Código do texto: T2705186
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