DOS MALES, O MAIOR

No último dia 5 eu redigí uma crônica sob o título "Que bom eu ter-me enganado". Parece que o texto não despertou maior atenção dos leitores do Recanto das Letras. Naquele dia, em função do segundo turno para as eleições presidenciais, tive o pressentimento de que o pior não mais aconteceria. Diante do escândalo da compra do "dossier", cheguei a acreditar que, finalmente, um fato novo e grave faria com que os brasileiros despertassem do seu sono profundo e acordassem para a realidade.

Ledo engano. Parece que o povo brasileiro, pelo menos em sua maioria, não se constrange mais com a corrupção e o jogo sujo praticado pelo atual governante. Pelo contrário, quanto mais corrupção mais votos recebe o candidato à reeleição.

As últimas pesquisas mostram que cerca de 60% dos votos válidos serão dados ao atual presidente. Como já disse em outra oportunidade, o carisma do homem é fenomenal. Seu discurso barato e populista tem um poder inigualável de atrair os eleitores. Continua afirmando, em relação a todos os escândalos ocorridos que envolveram diretamente o seu partido, que não sabia de nada. E o povo acredita cada vez mais. Será que eu estou ficando louco?

Se não estou, deverei ficar louco dentro dos próximos 4 anos. Louco de raiva, de vergonha, de desapontamento. Não obstante o velho ditado de que "cada povo tem o governo que merece", não posso acreditar que o sofrido povo brasileiro mereça tamanho infortúnio. É dose pra cachorro. Se pudesse, mergulharia em um sono profundo até 2010. Ao me despertar, talvez possa vislumbrar uma nova aurora anunciando que, finalmente, o povo, de tanto apanhar, acabou aprendendo a lição. A lição era um simples beabá.

Augusto Canabrava
Enviado por Augusto Canabrava em 22/10/2006
Reeditado em 05/02/2007
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