O Brasil e a Criminalidade

Eu ainda não consegui decifrar esse enigma: o apreço que este país tem por criminosos, e se for europeu, aí a coisa se complica mesmo. E no caso desse italiano - Cesare Battisti- muitos dizem ser uma questão ideológica, o Brasil negar a sua extradição, pois, trata-se de um terrorista de esquerda. Foi o que afirmou, ontem, um debatedor, em um jornal televisivo. Como se sabe- disse o debatedor- algumas personalidades do atual governo pegaram em armas , fizeram guerrilhas, coisa e tal, com o objetivo de derrubar uma ditadura de direita . Enfim, conclui-se que eles possuem algo em comum- concluiu o debatedor. Porém, em tom de lamento, continuou o debatedor, esse procedimento é injustificável, porque o Battisti é acusado de praticar terrorismo em um Estado democrático. Ou seja, em um Estado livre, onde , naturalmente, poder-se-ia utilizar meios civilizados para combater algo que estivesse prejudicando àquela sociedade. Defendeu essa possibilidade, o debatedor. Mas, e o Ronald Biggs (inglês) ? Um criminoso comum .Um dos assaltantes do trem pagador- como ficou conhecido esse episódio. O ministro da justiça , à época , também negou sua extradição . E mais: disse à poderosa primeira ministra britânica Margaret Thatcher - A dama de ferro- como era conhecida, pelas suas posições firmes, Inflexíveis-, " o Biggs é nosso". Exatamente, essa frase: o Biggs é nosso. E usou como argumento a questão diplomática. Não existia tratado de extradição entre o Brasil e a Inglaterra. O Biggs ficou durante 40 anos no Brasil. Só voltou ao seu país de origem quando estava velho e doente. Houve um jornal britânico que estampou a seguinte noticia na primeira página, referindo-se ao retorno do Biggs: “40 years of sex and sun.” 40 anos de sexo e sol. E por coincidência, uma autoridade italiana também lembrou o sol brasileiro. Apenas o sol. Dizendo, que no mínimo , ele, o Cesare Battisti, deve ficar em uma prisão e não desfrutando desse belíssimo sol. Falou como se conhecesse bem o sol brasileiro. Pois é, eu tantas vezes já associei o Brasil à criminalidade. Em vão. Minhas palavras não servem para nada. O crime. Esse sim, é forte. Só nos resta, tentar uma evolução individual. Quem sabe, não conseguiremos nos contagiar, e começarmos a valorizar as virtudes humanas, e as belezas naturais.Como o sol, por exemplo .

Soleno Rodrigues
Enviado por Soleno Rodrigues em 05/01/2011
Reeditado em 27/03/2017
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