Roupas secando no varal.
Um dos dons mais preciosos que recebi para ajudar na minha caminhada em direção a Luz foi a adaptabilidade. Se a coisa não é como eu queria que fosse eu me viro com ela sendo o que é. Às vezes fico um pouco brava, mas a coisa é tão passageira que até esqueço que me excedi nas reclamações.
Uma das coisas que mais gosto é de comer, mas se não posso comer o que gostaria como o que é necessário e dou um jeito de gostar. Assim é que durante a nossa Ceia de Natal passei comendo uma pêra enquanto outros comiam um pernil assado, uma deliciosa salada, bebiam translúcidos vinhos e se deliciavam fartamente com tortas e trufas.Duvido que alguém tenha se divertido tanto quanto eu comendo uma pêra suculenta.
Reclusa no andar de cima me divirto tirando fotos. Como as janelas não se abrem para nada interessante a olho nu fotografo tudo o que vejo, até as roupas no varal, os telhados da vizinhança e a antena parabólica. Isso me traz a mente uma lembrança de meus tempos de escola.
Certo dia a professora nos pediu que desenhasse. Qualquer coisa. Era aula de Português e o desenho seria para a nota de Redação. Desenhos maravilhosos apareceram, cópias retiradas de livros e cartões e coisa e tal. Eu, como nunca soube desenhar, fiz uma casinha no meio do nada, uma árvore frondosa e um varal cheio de roupas secando. Adivinhem de quem foi a maior nota? Pois se disseram que foi a minha, acertaram. Fui considerada extremamente criativa. Nunca entendi o critério da Professora, mas devo ter gostado muito, pois nunca esqueci esse fato.
Comecei falando de adaptabilidade e fui parar na criatividade. Mas acho que a primeira depende muito da segunda. Só com muita criatividade é possível fazer da chatice de minha vida atual algo aparentemente normal. As pessoas até se irritam comigo porque parecem estar mais preocupadas comigo do que eu. É claro que me ocupo, mas não me preocupo: estou fazendo o que é possível ser feito. Para quem sempre se orgulhou da própria independência acho até que estou adquirindo umas virtudes que nunca fizeram parte do meu rol de qualidades – a humildade, por exemplo. A dependência. A paciência.
E se há males que vêm para o bem, espero que esse seja um deles.
(Foto de nossa tradicional salada natalina - não há quem não goste. Quem a fez foi a minha irmã Vera.)
Um dos dons mais preciosos que recebi para ajudar na minha caminhada em direção a Luz foi a adaptabilidade. Se a coisa não é como eu queria que fosse eu me viro com ela sendo o que é. Às vezes fico um pouco brava, mas a coisa é tão passageira que até esqueço que me excedi nas reclamações.
Uma das coisas que mais gosto é de comer, mas se não posso comer o que gostaria como o que é necessário e dou um jeito de gostar. Assim é que durante a nossa Ceia de Natal passei comendo uma pêra enquanto outros comiam um pernil assado, uma deliciosa salada, bebiam translúcidos vinhos e se deliciavam fartamente com tortas e trufas.Duvido que alguém tenha se divertido tanto quanto eu comendo uma pêra suculenta.
Reclusa no andar de cima me divirto tirando fotos. Como as janelas não se abrem para nada interessante a olho nu fotografo tudo o que vejo, até as roupas no varal, os telhados da vizinhança e a antena parabólica. Isso me traz a mente uma lembrança de meus tempos de escola.
Certo dia a professora nos pediu que desenhasse. Qualquer coisa. Era aula de Português e o desenho seria para a nota de Redação. Desenhos maravilhosos apareceram, cópias retiradas de livros e cartões e coisa e tal. Eu, como nunca soube desenhar, fiz uma casinha no meio do nada, uma árvore frondosa e um varal cheio de roupas secando. Adivinhem de quem foi a maior nota? Pois se disseram que foi a minha, acertaram. Fui considerada extremamente criativa. Nunca entendi o critério da Professora, mas devo ter gostado muito, pois nunca esqueci esse fato.
Comecei falando de adaptabilidade e fui parar na criatividade. Mas acho que a primeira depende muito da segunda. Só com muita criatividade é possível fazer da chatice de minha vida atual algo aparentemente normal. As pessoas até se irritam comigo porque parecem estar mais preocupadas comigo do que eu. É claro que me ocupo, mas não me preocupo: estou fazendo o que é possível ser feito. Para quem sempre se orgulhou da própria independência acho até que estou adquirindo umas virtudes que nunca fizeram parte do meu rol de qualidades – a humildade, por exemplo. A dependência. A paciência.
E se há males que vêm para o bem, espero que esse seja um deles.
(Foto de nossa tradicional salada natalina - não há quem não goste. Quem a fez foi a minha irmã Vera.)