Presentes

Nos dias das mães idos e passados ganhei um monte de coisas. Já ganhei colares, pulseiras, jóias. Já ganhei vasos de barro com flores, vasos de cristal, vazios. Já me deram vestidos – compridos, curtos, de seda, uns primores. Meus amores fizeram cartões, livros de receitas, fui diplomada como “Mãe Perfeita”. Panos de prato com apliques ou pintura a dedo; latas de cerveja pintadas com todas as combinações de cores possíveis; porta-retratos artesanais com fotografias surrupiadas dos álbuns da família, com tudo me presentearam.

Livros, discos, coisas finas como chocolates Godiva, coisas grossas como um disco com o incrível título de “Preto Com Um Buraco no Meio”. Era um vinil, melhor explicando. E é espetacular, por sinal. Tapetes, bijuterias indianas, coleções, ultimamente DVDs. Penhoares; camisetas; sapatos; sandálias; bolsas – pequenas e grandes, sociais ou esportivas; camisolas; pijamas. Coisas que agradeci muito e nunca usei. Coisas que detestei, mas tive que usar. Flores, até alguns apetrechos de computador. Ah! O scanner foi-me dado, também. Puxa vida! Ia-me esquecendo, a coleção das miniaturas do cristal Swarovski aumentou um bocado.

Assinaturas de revistas, fotografias da família tiradas Às escondidas. Os filhos, quando longe de casa, me surpreendiam com mensagens maravilhosas que eu lia e me deixavam chorando um tempão. Sabe aquelas mensagens pelo telefone tipo “alguém que te ama muito mandou dizer para você” e lá vinha aquela musiquinha de flauta no fundo e um locutor com um vozeirão deste tamanho dizendo que “uma simples mulher existe...” e eu ali escutando como se a poesia tivesse sido feita para mim? Pois é. Filhos às vezes escorregam pelo fora de padrão. Mas os presentes deste ano superaram todos. Ganhei um compressor de ar, uma escada, um vaso com orquídeas, o disco novo do Chico, um aromatizador de ambiente e uma écharpe. Influenciada pela leitura de O Código da Vinci, estou aqui com a cabeça quente tentando desvendar a mensagem por trás dos pacotes. Algum sentido tudo isso deve ter.

Lúcia Helena
Enviado por Lúcia Helena em 23/10/2006
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