Ano Novo
"Para sonhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre." Meras palavras de Carlos Drummond de Andrade. Lembrei-me delas quando olhava os fogos explodindo no céu de João Pessoa na noite de Réveillon.
Era como se cada explosão daquela no ar, significasse algo ruim deixado para trás, desde o mais colorido ao simples, desde um menor ao maior, era pra mim a mesma proporção. E continuei pasma diante daquele espetáculo produzido para a última noite do ano, fechei meus olhos e refiz todos os meus pedidos, desde os novos aos mais antigos.
E lentamente fui deixando no ano passado as mágoas, pesadelos, amarguras e sei que aquele maior e mais colorido de todos eles que explodia exatamente a meia noite era o pecado, sim ele mesmo, porque ele é o início de todos os outros * ruins, que fazemos, que nos fazem, ele vem acompanhado de todos os outros sim, que muitas vezes não damos muita importância e nem ao menos percebemos.
Sei que muitas coisas continuarão este ano, as chuvas fortes devastadoras, a pouca paz, o frio, o calor intenso, oportunidades inesperadas, eleição, caos, acidentes, doenças...
A boa notícia é que eu serei melhor, um novo EU. E você? Faça-se melhor!
Pessoas nascem outras morrem, umas casam e outras se separam, na verdade tudo será exatamente igual se você não fizer alguma diferença, comece por você, eu já comecei por mim.
E eu lá, na festa do Réveillon me deliciando no champagne e sorrindo para o último fogo de artifício explodindo no céu, o medo. Foi um clarão colorido e o céu se fez novo diante de mim.
No primeiro dia do ano abri meu caderno novo, de folhas alvas e floridas, na primeira página agradeci por coisas deixadas no ano antigo, que não mais terei pesadelos por causa delas, agradeci minha nova disposição, acordei e não estava de ressaca...
E posso desde já começar meu ano com palavras de Gilka Machado: “...Amo-te as sugestões gloriosas e funestas, amo-te como todas as mulheres te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor, pela carne de som que à idéia emprestas e pelas frases mudas que proferes nos silêncios de Amor!…”
“Lépida e Leve”.
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