Que vontade de ser Poeta...!!!

Que vontade de ser Poeta...!!!

Essa vontade inaudita, expressada acima, me veio mediante a observação de tanto título onomástico que pulula na praça. O escasso público leitor me perdoe, embora eu saiba que o meu imenso público não passa de meia dúzia de gatos e gatas (ainda bem...) pingados, gente corajosa que de tempos em tempos se arrisca a ler os garatujos que cometo, por enveredar por assunto tão indigesto. Mas, fui espicaçado pela mosca branca que ferreteia o povaréu pelo mundo afora, essa multidão incansável de poetastros, homens e mulheres, um oceano de gênios de não acabar mais. Calma que eu me explico antes que vocês, essa meia dúzia de gatos e gatas pingados, queiram me esfolar: de repente, não mais que de repente, passei a me ver cercado por uma chusma de gente nobre que encheu de pavor o tabaréu malungo que sou. Tá certo que sei que não passo de um João, um sertanejo nascido lá pras brenhas da Catinga de Riba, (Nunca ninguém aventou de perguntar aonde é que fica a de Baixo...) e que jamais ornaria ostentar em minha cacunda um título quase nobiliárquico desses que ficam ventando a minha frente. Tentem imaginar, num desses dias em que vocês acordarem com febre alta, daquelas beirando os quarenta graus, (menos não serve...tem de ser um daqueles febrão de derrubar vaqueiro pegador de touro brabo.) verem este João Malungo aqui, de repente se intitulando de João, Poeta Escritor e Ministro de não sei lá o quê; ou então surgindo do Nada com o galardão de João Sertanejo, Poeta e Pedagogo das causas inaceitáveis - assim mesmo em maiúsculas, pois a ocasião assim o exige, devido a minha necessidade de pompa e circunstância.

Ainda ontem, andando pelas ruas de minha cidade com Eliana, aventei a grande idéia de fundar uma academia de letras. Vejam só que grande idéia: funcionaria assim... Saio por aí a procurar uma cidadezinha qualquer, um desses cantos que quase não aparecem no mapa, e fundo a tal academia, da qual serei o primeiro membro e presidente, claro. Meu nome então passaria a agregar o onomástico de acadêmico, para não ficar atrás de ninguém, semduvidamente.

Quando apresentei a idéia recém saída do forno de meu bestunto, Eliana, que já usava um salto de quinze centímetros de altura e um conjunto elegantérrimo, de repente (outra vez, não mais que de repente) pareceu duplicar em altura; a moça me encheu de beijos, pulou no meu pescoço e me disse que eu era o homem mais lindo do mundo (coisa que eu creditei ao evidente exagero e felicidade da ocasião, óbvio...). Entendi que toda a repentina efusividade de Eliana devia-se ao fato de vir a ser, futuramente, primeira dama da academia que fundaríamos em Fortunato Quaresma – garantiu-me que o seu sonho de criancinha sempre foi ser primeira dama de alguma coisa (Dona Marisa que se cuide...).

Gente amiga, para dar vazão aos meus sonhos principescos e satisfazer os desejos prementes de Eliana (Ela quer ser primeira dama da Academia de Letras de Fortunato Quaresma de qualquer jeito...) Eu, João Bosco, antigo aprendiz de poeta, terapeuta dos pacientes que se arriscam a me procurar, perdi o senso de vez: a partir de hoje, torno-me, legalmente, João Bosco, presidente da futura Academia de Letras de Fortunato Quaresma.

E, por favor, não se esqueçam de lembrar a Eliana que ela é a honrada primeira dama dessa valorosa academia.

Terras de São Paulo, noite de Terça-Feira, final de Lua Nova, Janeiro de 2011.

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 12/01/2011
Reeditado em 12/01/2011
Código do texto: T2723631
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