Voe

Posou suave seus pés no chão.

As asas, então cansadas, doaram o repouso merecido entre todas as penas incompreendidas de um mundo inteiro.

Quis voar o globo terrestre levando a sorte e a graça no bico. Só para semear cor, flor e alegria.

Não assoviava mágoas ou tristezas e o que via era verde esperança sem prazos ou limitações.

Pássaro de asas longas entre cores e vôos altos, amores.

Entre a fé e a força, o suspiro de paz. O desejo de sorte. A ânsia pelo arco-íris depois das bravas tempestades.

Entre as frustrações: os braços que lhe faltavam abraços àqueles que nos olhos habitavam tão semelhante brilho, tão intenso amor.

Amou o mundo. Voou milhas. Semeou a sorte. Cantou a paz. Coloriu o céu.

Hoje, repousa suas penas pesadas só até aliviar.

Descansa. Abre as asas. Renova o verde no olhar. E deixa o chão...

O céu sempre foi o seu vício.

Voe, passarinho. Voe!