Tragédia no Rio

O Psol noticiou largamente o valor da corrupção no Brasil: 42 bilhões de reais anualmente.

Sou graduado e pós-graduado, mas, para ser sincero, não tenho noção do que esta cifra, de fato, significa. O que se pode comprar com tanto dinheiro: uma rua inteira, uma cidade, um país, o maior harém do mundo, o maior viadeiro, quantas vidas; quantas pessoas possuem 42 bilhões de reais?

Por quanto tempo a nação conseguirá pagar, anualmente, esta bagatela para manter a atual estrutura? E por que pagamos tão alto por uma estrutura que se nega a tudo - tudo que lhe é de responsabilidade não funciona?

O preço da corrupção é alto e não sobra para o básico; e se sobram migalhas, não há profissional capaz de convencer a estrutura governamental de que é necessário prevenir, informar e formar cidadãos.

Um escritor brasileiro, estando comprometido com o cretinismo, atrai 50 ou 100 pessoas a um evento literário de entrada franca. Uma partida de futebol, comprometida apenas pelo que encerra em si, atrai 100 mil pagantes.

Estamos, enquanto sociedade, no mais profundo atraso. Somos o atraso, a escuridão e a cegueira cavernal. Bois, neste país, têm mais dignidade, enquanto viventes, do que brasileiros, que morrem como morrem os peçonhentos.

Se quisermos mudar, precisamos combinar isto: por onde começar, depois que demolirmos a construção velha e tivermos em mãos apenas o terreno vazio e limpo? Conseguiremos fazer uma casa estruturada nos próximos 100 anos?

Isto terá de feito. A dúvida é: quando iniciaremos a construção de uma sociedade defensável, comprometida consigo mesma?

Envio ao Rio, assim como enviei ao Sul, ao Nordeste (na seca e na enchente), minhas sinceras condolências.

Agora vou trabalhar, conquistar meu quinhão à corrupção que não perdoa ninguém, corrói a tudo e a todos.