Reflexões sobre a solidão

Publicado no http://letrasdobviw.blogspot.com

Sozinho no ventre da mãe. Filho único. Tudo só.

Já repararam a solidão do número “um”? Sempre o achei soberbo, olhando para cima, olhos cerrados, queixo erguido. Ainda põe-se de costas para o infinito positivo. Ignorando seus iguais, seus irmãos.

Não... Ninguém quer uma vida assim. O ser humano vorazmente trava batalhas constantes contra a solidão. Casam-se à menor oportunidade e enchem a casa de herdeiros genéticos para lutarem cada um contra seu próprio vazio. Os que não suportam casar enveredam-se em volumosos relacionamentos românticos ou de amizades tão vazios quanto eles próprios, que antes de se mostrarem ao que vieram já encontram guarida nos corações temerosos do nada. A maioria de nós já viveu tudo isto. Casamos, descasamos, casamos novamente, povoamos o mundo de mentes solitárias e nos iludimos em meio a tantas outras. Mesmo em meio à multidão, a luta contra o vazio dentro de nós continua . Talvez esteja aí a resposta que todos que tememos a solidão, buscamos.

Voltemos ao número “um”. Se ele descesse do pedestal do seu orgulho e olhasse a sua altura com os globos bem abertos, perceberia o infinito presente a sua volta, interagindo entre si. Se percebesse a sua anoréxica estrutura, entenderia que o vazio é interior.

Amigo leitor, que agora tem a minha sincera companhia através destas letras, para não nos sentirmos sozinhos é preciso perceber a nós mesmos, nos aceitarmos, nos amarmos. Quem não existe não compartilha e quem não compartilha não existe.

Obrigado pela companhia.