RIO DE JANEIRO, JANEIRO DE RIO

Lailton Araújo

O bem ou o mal, para algumas pessoas, dependem da ótica política e educação pessoal. A história mostra que essa dicotomia sempre existiu desde que o ser humano disputava uma carcaça, da carniça que sobrava, logo após a caça na pré-história.

A região serrana do Estado do Rio de Janeiro passou por um dos momentos mais críticos dos últimos anos. Na primeira quinzena de janeiro de 2011, choveu em um dia o esperado para um mês. Ocorreram centenas de mortes de seres humanos e destruição das infra-estruturas de vários municípios. Mesmo com esta e outras tragédias acontecidas no passado, os mesmos erros de avaliação do poder de destruição da natureza, continuam... As campanhas de conscientização ambiental ficaram no papel. O turismo cego e oportunista, aliado às más gestões administrativas de algumas cidades, incentiva - até de forma criminosa - a aglomeração de pessoas em pleno verão ou fora deste período, sem a realização de obras reparadoras pós-tragédias, e voltadas para a segurança dos habitantes serranos e visitantes.

Muitos ecologistas nutrem uma relação dicotômica - já comentada - de bem ou mal com a natureza, esquecendo que ela segue seu rumo no tempo, moldando o planeta Terra e o Universo. É assim há bilhões de anos... A população humana envolvida no evento catastrófico de janeiro de 2011, no Estado do Rio de Janeiro, sabia que poderia ocorrer algo assim? Talvez sim... A citada natureza apenas moldou novamente, aquilo que o ser humano modificou em um curto espaço de tempo. Exemplos: cursos dos leitos de rios; construções regulares e irregulares nas encostas de serras; urbanização em áreas de escapes de cursos d’águas; cidades em áreas impróprias ao desenvolvimento humano; rodovias cortando as bases e entranhas das serras ou montanhas.

Independentemente de velhas ou novas tragédias, a natureza promove a vida. Após uma pequena ou grande cheia de um rio, as áreas férteis e inférteis das várzeas são revitalizadas com o material orgânico e inorgânico trazidos de outros locais. É a nova vida nascendo da extinta vida! Cabe ao ser humano reaprender a velha lição da sobrevivência. O bem estar e segurança de um povo, devem ser as principais metas de desenvolvimento de qualquer governo. A omissão pode ser crime! Todos os envolvidos na exposta tragédia, parecem ser cúmplices, por executarem parcerias caóticas, com o uso impróprio e desordenado do solo, sem levar em conta os fenômenos, meteorológicos e climáticas nas antigas e novas cidades fluminenses. O ser humano chora! Os governos tentam explicar! A natureza continua sendo a natureza...