Aos 22.

O tanto de coisas que você pode descobrir aos vinte e dois anos de idade é impressionante.

Talvez , alias, acho que nunca vou saber de tudo até o final de minha vida e depois da outra e mais outra.

Por exemplo. Filmes, textos, propagandas, dia dos pais. Quantos melodramas você já não viu/ouviu falando em relação a coisas de pai e filho? Milhões. Em filme então, comédia romântica, drama, romance, o lance de pai e filho é sempre muito comentado.

Sabe, eu sempre achei essas histórias um tanto fracas. Clichê demais para a minha criatividade. Alias, por que é tão importante esse lance pai e filho? Sempre achei forçado quando via a protagonista do filme pelos cantos da TV, por que o pai faltou no dia do aniversário, por que não o pai não estava no final do campeonato de futebol, natação, basquete, vôlei, skate, tantofaz... E aquelas então que não conhecem o pai e de repente passa uma hora e meia de filme tentando encontrá-lo e quando encontra nos primeiros cinqüenta e cinco minutos passa os outros minutos tentando conquistá-lo. É ai que entra aquelas cenas que ele rejeita a filha o filme todo e então em alguma situação o “pai” sempre abandona algo de muito importante em sua carreira, lógico, por que o obstáculo é sempre a profissão, e foge com o filho ou filha e passa uma tarde maravilhosa, onde todos os desencontros e brigas são deixados para traz e retorna aquele enfim, tão sonhado laço pai e filho/ filha no fim de tarde com um por do sol maravilhoso com eles todos molhados por que caíram em algum rio fugindo de alguma coisa no meio do caminho.

Tudo isso do parágrafo anterior remete a filmes da sessão da tarde como “ O mentiroso” do Jim Carrey, “ Tudo o que uma garota quer” da Amanda Bynes, “Doze é demais” que tem aquele monte de gente e muitos outros que eu não sei dizer agora.

Pareço insensível? Calma, esse texto (diga-se de passagem, bastante pessoal) nem terminou.

Eu disse que eu achei que tudo isso fosse muito forçado. Não disse que ainda acho tudo forçado.

Depois de vinte e dois anos, afinal, eu descobri essas coisas. Sabe, esse lance de “eu adoro fazer isso com meu pai.” Nunca tinha viajado com o meu. Não que eu me lembre. Nunca tinha ido para a praia com ele. E depois desse tempo, depois que toda a família foi e ele também, eu descobri que isso era algo que eu realmente me importava. Algo que eu realmente teria sentido falta se nunca acontecesse. Não que eu sentiria falta, não poderia sentir falta de algo que eu nunca tive, mas eu seria uma pessoa eternamente ignorante em relação a isso. Eu jamais saberia a importância disso e jamais iria entender o verdadeiro significado de fazer algo com seu pai.

Demorou vinte e dois anos, mas também foi completo. A gente nadou. Bastante. Lá no fundo do mar. Nunca fui tão ao fundo do mar com alguém, como eu fui com meu pai e quando ele ia mais fundo ainda eu já gritava “ volta já!” e ele voltava.

Essa coisa de disputa saudável, de querer mostrar o que você sabe fazer pra alguém, que é de tão dentro da sua vida, o conhecer mais a fundo... Nem nos filmes aparece com exatidão.

Agora é verdade muitas coisas, aos 22 anos descobri muito, é mais intenso escrever sobre algo que você realmente viveu e fazer algo realmente importante com seu pai.

Bom, pelo menos se alguém me perguntar sobre o que eu gosto de fazer posso responder “nadar no mar com meu pai” independente se isso aconteça de novo ou não, é, afinal, algo que eu gosto mesmo.

Finalmente vou entender um filme de sessão da tarde. Só não entendo como é que, além disso, as mocinhas sempre arranjam um mocinho muito bonito (mais bonito dos que existem em minha vida real!) no final! Tá, já lembrei: “a vida não é como aparece nos filmes”.

Agora: FIM.

Luane Amurin, 16/01/2011.

Luane Amurin
Enviado por Luane Amurin em 16/01/2011
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