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O POETA ADORMECIDO

O POETA ADORMECIDO (Escrito em janeiro/2011)

          Na sombra do guamirim, numa grama verde e pequenos arbustos. A visão da paisagem não era ampla, devido ao pinheiral fechado de araucárias. O poeta que não sabia que era poeta, sentava-se e ficava a observar. Como se os versos fossem escritos na sua frente, numa grande tela no céu. Olhava as nuvens, as várias formas das mesmas. Ora um carneiro, ora um homem... mulher... criança... anjo...

          Preocupado com seus afazeres, saía dali triste. Ninguém sabia o que se passava em seu íntimo. Parecia que só os animais e os pássaros o entendiam. Ouvia cantos de sabiás tentava colocar uma letra e formava melodias dos mesmos. Andava pelos carreiros cantando, acompanhado da orquestra dos passarinhos. O que ele não sabia, que tudo isso tinha um nome: inspiração poética. No grupo escolar onde aprendia as primeiras letras, ouvia falar, mas nem sequer conhecia a tal de poesia. Algumas até falava, mesmo sentado na carteira. Depois aprendeu que aquilo, ou seja, o falar um poema, chamava-se declamação ou recitação. Tinha vontade de escrever tudo o que via e ouvia e sentia, principalmente os coros formados pelas gralhas azuis, símbolo do Paraná. Vez ou outra ouvia seu velho pai falar algumas coisas, alguns versos que dizia que era do tal de Olavo Bilac, Casemiro de Abreu, Gonçalves Dias... onde havia aprendido? Mistério que foi enterrado junto com seu amado papai...

          Aprendeu algo, que a chamada poesia tinha que ter rimas. A professora explicava o que era. Dizia que era pra deixá-la bonita. Aprendeu que cada linha, é chamada de verso, e o conjunto delas, estrofes. O primeiro verso tinha que rimar com o terceiro, o segundo com o quarto... e assim por diante. Dizia que rima era a terminação de uma palavra igual a outra. O mesmo som. Exemplo: Brasil com varonil, papel com mel...

          O poeta que não sabia que era poeta. Queria tanto escrever... mas onde? Seus cadernos não tinham espaços para outra coisa, exceto para os exercícios escolares. Ali fazia cópias, ditados, cartas, etc. Aquela vontade de escrever o fascinava. Sempre que tinha oportunidade, quando achava algum papel de embrulhos, limpava, desamassava e guardava. Nesses papéis corria a pena de sua caneta ou mesmo o lápis. O primeiro livrinho que leu e releu, foi a estória do Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, que na verdade era a propaganda de um antigo remédio fortificante. Depois leu alguns poemas de outros autores. O que mais o fascinou foi a Canção do Exílio de Gonçalves Dias.

          O trabalho na roça era obrigação da família. Pois era de lá que tiravam o sustento da casa. Cada ordem dos pais era cumprida à risca, senão o rabo de tatu, o relho, a vara de marmelo... teria serviço... e olha que era mui doído!

          Algumas tábuas de cercas tornaram-se papéis, lousa... Nesses lugares o poeta começava a acordar. O carvão principalmente, tornara-se em pena e giz... enfim, um instrumento para registro das emoções. Dezenas ou talvez centenas de pequenos poemas ficaram registrados nesses locais. Uns ficaram escritos tão fortes, que até pareciam misteriosos, porque nem a chuva, nem o sol ou a geada apagaram-nos.

          Enquanto existiam essas madeiras, lá estavam a marca desse jovem, aprendiz do tempo e da vida, predestinado para ser escritor. Havia outros lugares que registrava as expressões da sua alma: era a parede do paiol de milhos e o rancho onde seu papai e seus irmãos paravam (residiam de segunda a sexta ou sábado) ou seja,  durante a semana para trabalhar. O velho ficava uma fera. Ainda que muitos anos tivessem se passado podia-se ainda ver alguns escritos seus. Pessoas liam... algumas meneavam a cabeça e se riam em forma de deboche. Outras ao lerem achavam lindos e elogiavam a pessoa que os escreviam. Versos soltos... poesias... poemas... de... carvão... ficaram gravados e cravados no coração do autor.

          Se esse escritor pudesse retornar no tempo... e como gostaria de voltar! Rever as épocas de ouro da infância que ficou... saudades do poeta que não havia acordado... ingenuidade... companhia com os pássaros...

          Muitos que leram, já se foram. Será que ainda há algum que não se apagou? Será que ainda existe uma tábua escrita? Será que alguém hoje passaria por lá e diria como Freud, que um poeta já passou por ali, antes dele? Será que há quem diga: que saudades do poeta???

          Versos de carvão... de um poeta. Poeta que não sabia que era poeta. O poeta que acordou... O poeta adormecido...

(Christiano Nunes)

Ps: A palavra poeta ficou repetitiva de propósito, para dar mais ênfase na mesma.

Essa crônica está como introdução do meu livro de poesia, intitulado: EXPRESSÕES DA ALMA.





Belíssima interação da poetisa Adria Comparini.
Obrigado Adria, por tanta gentileza. Abraços
Chris


AO POETA ADORMECIDO

Num coração de menino
Havia um poeta adormecido...
Era como se fosse um sino
Que iria nos acordar...

Para as belezas do mundo
Da natureza...do céu...
Tirando de dentro, do fundo
Escrevendo na tábua ou papel...

Um coração cheio de ternura
Uma alma tão sensível..
Com tanta beleza pura
Mas de uma força...incrível!

Veio das matas fechadas
Lindas terras paranaenses ...
Com tantas frases guardadas
Como tesouros...pertences...

Para doar de todo coração:
Seus versos, com rimas belas...
Que mesmo escritas a carvão
Tornaram-se lindas aquarelas!!!

Adria Comparini


Belíssima interação da poetisa Maricília Lopes
Obrigado Maricília, por tanta gentileza. Abraços
Chris

AO POETA

Chris...
"Antes adormecido
O poeta tem crescido em sabedoria
Talvez por ter vivido na simplicidade do campo

CHRISTIANO: Compondo versos
Homenageando
Recantistas
Inventando alegorias
Sonhando o amor
Tecendo poemas
Inéditos
Acompanhando postagens
Novas e de todos os tipos
O poeta desperta e... encanta!

Um grande abraço, Maricília


Linda interação de Aninha (Rabiscos de Aninha).

Obrigado Ana pela gentileza.


O POETA DESPERTOU

Um poeta adormecido/
hoje acordou feliz/
Com seus versos e rimas/
Nos encanta/
Deixa seus fãs felizes./

Ah poeta amigo/
Quanta alegria nos dá/
Com seus versos e rimas/
Traz alegria esperança/


Seu coração de criança/
Canta igual passarinho/
Entre as folhas da laranjeira/
Quanta saudade me dá/

Nas terras paranenses/
Tanta beleza tem lá
Terra abençoada por Deus/
Nasce o poeta da paz.


Christiano, parabéns pela belíssima crônica.


Que Deus o conserve assim, com toda essa humildade,
No coração...beijos


Aninha


Linda interação da poetisa Sônia Sylvia. Obrigado Sônia pelo presente.


QUANDO NASCE UM POETA



POETA QUE NASCE POETA
CORRE NA CONTRA MÃO DA SOCIEDADE
ONDE ELE VÊ LIRISMO,
OS OUTROS VEEM MALDADE.

POETA QUE NACE POETA
BUSCA O ALIMENTO NA OBSERVAÇÃO
ASSIM COMO O FILHO QUE NASCE BUSCA O SEIO DA MÃE
É UMA FOME INSACIÁVEL DE PALAVRAS MISTURADA ÀS LÁGRIMAS...

POETA QUE NASCE POETA
DESCOBRE QUE NEM SÓ DE RIMA SOBREVIVE O SEU LEGADO
POIS NAS ENTRE LINHAS DE SEUS ESCRITOS
HÁ MUITO MAIS SIGNIFICADO.

POETA QUE NASCE POETA
VIVE ÀS VEZES CHATEADO
COMO PODE, DIANTE DE TANTA BELEZA
ALGUÉM MENOSPREZAR PEQUENOS RABISCOS EM FORMA DE AMOR ENCANTADO?

POETA QUE CRESCE POETA
TRANSFORMA-SE EM SER ENCLAUSURADO
ABSORTO EM SEUS SENTIMENTOS
E POR DEUS ABENÇOADO.

POETA QUE CHEGA POETA NA IDADE ADULTA
TEM MISSÃO ABSOLUTA
AMENIZAR A DOR DE UMA GERAÇÃO QUE NASCEU EM TERRA DISSOLUTA
DE UM AMOR QUE POR NÓS FOI CONSAGRADO.

(PRESENTE PARA TI)

SÔNIA SYLVIA


Linda interação de Luzirmil. Obrigado, caro poeta.


Pois é, nobre Cristiano. Conforme sua indicação, vim aqui e digo-lhe que sua crônica dá à poesia a claridade que a torna visível até pelos obscuros pensadores, que não obstante exercitarem seus devaneios em filosofias e princípios lógicos da existência que entrevemos, todavia ignoram e até criticam a verdadeira essência dos pensamentos, que sempre são uma forma poética de sentir a vida. Ainda bem que tais filósofos são raros,pois praticamente todo pensador que se presa, é também um grande poeta. Analisando sua crônica, ponderei que os que tem o dom da captação, notam e se identificam perfeitamente com a personalidade do "escritor adormecido", que com carvão, escrevia nas tábuas, ou em lugares onde pudesse gravar suas captações da natureza, talvez na tentativa de que alguém o acordasse. É como eu já lhe expressei: Tiro o chapéu pra você!! Acho que temos uma identidade em comum, pois os compostos que nos cercam, nos traduz sempre um desenho a ser escrito, como diz Sônia Silva, em sua interação aqui: "POETA QUE NASCE POETA, BUSCA ALIMENTO NA OBSERVAÇÃO". Puxa vida! Emocionei-me com sua crônica a ponto de sentir de complementar esse comentário com uma oração em prosa poética. Vamos lá:

Oh! Deus! Acordai os poetas adormecidos
Faça-os resplandecer à luz das palavras que lhes inspiram
Que suas frases formadas com a tinta preta,
ainda que seja do carvão,
possam ser notadas e assimiladas na prática da vida,
pois os poetas, ó Deus,
só pensam em EXPRESSAR o bem que vem de Ti
sobre a humanidade!

Abraços, caro Cristiano.
Para o texto: O POETA ADORMECIDO (T2746617)


Linda interação de Regina Madeira (Estrela Brilhante). Obrigado, cara poetisa.

VERSOS A CARVÃO
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> E assim escrevia o grande poeta,
> Sem dizer a vida, sim ou não,
> Escrever sempre foi a sua meta,
> Como forma de lavar o coração.
>
> Onde fosse seu traçado era uma seta,
> Indicando a plantar milho e feijão,
> Seu trabalho abrandar alma inquieta,
> A cabeça já compondo uma canção.
>
> Sua letra de beleza tão repleta,
> Elevava para Deus uma oração.
> E rezava de uma forma bem completa.
> Agradando por pedir por seu irmão.
>
> Sua alma clara e franca de poeta,
> Escrevia as palavras pelo chão.
> Brincadeira que não era bicicleta,
> As sementes enterradas com a mão.
>
> As paredes enfeitadas para festa,
> Onde vozes já cantavam seu bordão,
> E o poeta sua rima manifesta,
> Com seus versos escritos a carvão.
>
> A vitória do poeta hoje certa,
> As poesias estão em todas as mãos,
> Um cometa numa rota de alerta,
> Cruza o céu e ganha a amplidão
>
> Estrela Radiante
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