Bem versus Mal

Esther Ribeiro Gomes

Tia Maria, cujo apelido era Nenê, tornou-se freira aos vinte anos e foi viver em Uberaba, nas Minas Gerais, com o nome de Irmã Apolônia.

Dava aula no colégio das freiras de Uberaba e fez curso de enfermagem para trabalhar no hospital pertencente à sua congregação.

Durante anos ajudou os médicos a tratarem dos pacientes e acompanhou muitos doentes em fase terminal, levando a eles o conforto da palavra de Deus.

Cuidava dos outros, mas não se cuidou e aos oitenta anos teve que retirar a mama direita devido a um câncer avançado e dois anos depois, teve metástase nos ossos, vindo a falecer aos oitenta e três anos de idade.

Sofreu bastante, apesar dos cuidados dos médicos que gostavam muito dela.

Numa das vezes que minha mãe e eu fomos visitá-la, perguntei à Madre Superiora porque ela estava sofrendo tanto, se durante sua vida só fez o bem e cuidou de tantos doentes?!

Então a Madre me respondeu: Minha filha, Jesus viveu trinta e três anos entre nós, amando a todos, só fazendo o bem e foi crucificado!

Minha tia foi uma mulher extraordinária, de grande competência, tendo sido diretora de um hospital da sua ordem (Freiras Dominicanas) em Torres, no Rio Grande do Sul.

Quando ficou velhinha, foi morar com as outras freiras idosas na chácara delas, nos arredores de Uberaba.

Havia muitas árvores frutíferas na chácara, onde aconteceu um fato deveras inusitado:

Uma macaca havia parido um lindo macaquinho que era a alegria de todas as irmãs e de quem visitava a chácara.

Certa vez, quando uma criança e seus pais visitavam as freiras, quiseram ver o macaquinho de perto e um dos empregados da chácara subiu na árvore e o trouxe.

Então a macaca, pensando que iam tirar o filhinho dela, teve um ‘chilique’, deu um grito forte e desmaiou!

Tiveram que devolver o macaquinho para a mãe, para que ela pudesse se reanimar!

Na chácara, tia Nenê cultivava rosas e as amava tanto que os botões floresciam belíssimos, encantando a todos!

Quando faleceu, uma poetisa de Uberaba dedicou a ela uma poesia chamada: ‘As rosas da Irmã Apolônia’.

Tia Nenê cuidava tanto das plantas e flores que o jardim da chácara era muito admirado!

Havia uma senhora que sempre ia pedir mudas para minha tia e ela a presenteava com muito carinho.

Um dia essa senhora queria uma muda de avenca, planta delicada que ela e minha avó gostavam muito.

Eu também tenho especial carinho por avencas...

Naquele dia minha tia não deu a muda para aquela senhora, porque a planta estava ainda nova e como é muito delicada, poderia fenecer. Disse para ela voltar outro dia.

Então a mulher se enfureceu, olhou com ódio para minha tia e disse, apontando a avenca:

'A senhora dão vai me dar a muda, então ela não vai ser nem pra mim, nem pra senhora!'

Quando a mulher saiu e o portão da chácara se fechou, a avenca murchou na hora!

Nunca acreditei em mau-olhado, mas daquele dia em diante, passei a acreditar...

Infelizmente, o mal existe e precisamos orar muito para afastá-lo das nossas vidas!

Esther Ribeiro Gomes
Enviado por Esther Ribeiro Gomes em 25/01/2011
Reeditado em 26/01/2011
Código do texto: T2751749