23 de janeiro é dia de festa no mar.No mar,na terra,na Fonte da Bica,na Fortaleza de São Lourenço,nas praças,na biblioteca.É aniversário do escritor itaparicano João  Ubaldo Ribeiro,ou simplesmente João,para os íntimos.

E,bote íntimos nisso,pois,são desde ricos empresários de nomes pomposos até os velhos pescadores que costumam consertar as suas redes nas praças  debaixo de árvores centenárias.

Há alguns anos a festa foi transferida da praça para a Biblioteca Juracy Magalhães, onde ,no início da sua carreira literária ,Ubaldo pediu que lhe cedessem “uma salinha sossegada para escrever”.

 

A festa deste ano foi de arromba, podes crer;eu estava lá e pude observar com admiração Itaparica cantando o seu cantor.Contando com o apoio da Fundação Pedro Calmon e da Secult e dentro do aplaudido  projeto “Café com Leitura”,a realização dessa merecida homenagem  ficou perfeita.

O canto de louvor estava em todas as gargantas ,nos rostos curtidos,no riso alvar,na face das mulheres e crianças.

Ubaldo me pareceu um sujeito tímido e pouco dado a efusões em público; mas,a felicidade transbordava do seu rosto,rodeado de seus familiares , amigos e admiradores ,sentindo-se reconhecido pela gente da sua terra.

O escritor polêmico, que não teme críticas e nem dá bola para o que pensem dele, que não acha necessário ser reconhecido na rua e detesta ser abordado por estranhos com suas perguntas inconvenientes,sentia-se em casa.

Não estavam lá todos os seus amigos?Os personagens de seus livros  que brotaram do doce conviver com seu povo,não estavam  lá?

Ubaldo assistiu a tudo; foi um dos primeiros a chegar e o último a sair.

Na primeira fila do auditório assistiu à apresentação dos caboclos, tão integrados nas tradições  itaparicanas,ao espetáculo de dança extraído do seu livro virtual “Miséria e grandeza do amor de Benedita” e ao documentário  com  depoimentos de amigos e admiradores.

Vale ressaltar o trabalho magnífico de  Dalva T. Lima,diretora da Biblioteca que hospedou a festa.Essa mulher valorosa ,contra tudo e contra todos, com seu enorme poder de persuasão,conseguiu reunir uma equipe capaz de fazer um trabalho sem máculas com recursos parcos ,mas,muita garra e “vontade de potencia”.

Pois,só esse poder constrói maravilhas.

“Queres cantar o mundo, canta tua aldeia”,dizia Tolstói.

Ubaldo cantou muito bem a sua aldeia. Ambos ganharam o mundo!

Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 26/01/2011
Código do texto: T2752922
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.