Divergências e Convergências - Cidade Celeste X Cidade Terrestre (Agostinho)

FILOSOFIA –

Divergências e Convergências entre a Cidade Celeste e a Cidade Terrena em Agostinho

Para analisar a princípio o texto, há uma necessidade virtual de si colocar em evidência dois pontos de partida, os quais dividem os paradoxos existentes entre as duas famílias que serão questionadas.

A família dos homens que não vivem da fé, vive buscando a paz através dos prazeres materiais; a família que vive da fé, está doravante preocupada com a eternidade, sendo que os bens materiais são apenas aditivos necessários à sobrevivência, jamais fazendo uso deles para desviar-se do que a está conduzindo a Deus: O caminho da verdade e da eternidade.

Acontece que os usos dos ”bens” necessários a esta vida” mortal” são comuns às duas famílias, só que existem divergências na maneira de cada uma pensar, de cada uma agir.

A cidade terrena. Que não vive da fé, carece da paz mas compactua com os cidadãos que ordenam e com os cidadãos que obedecem passivamente aos desejos humanos cercados de interesses da vida mortal, da sociedade mortal.

A cidade celeste usa desta paz por necessidade, aguardando o cumprimento da promessa de redenção e, como penhor, o dom espiritual, não duvidando, ou melhor, não exitando em obedecer as Leis que regulamentam as coisas necessárias e da sobrevivência da vida mortal, naturalmente.

A mortalidade é comum às duas cidades e há até concordâncias das mesmas com relação a tais coisas, entretanto existiram na cidade terrestre, alguns sábios que, através das especulações ou dons demoníacos, falaram que deviam amistar vários deuses com as coisas dos homens. Isto pois, passou a semear o ódio, as perseguições , destruir a paz, a criar leis e costumes diferentes. A cidade celeste de antemão, só acredita em um único Deus, a que se deve culto e adoração..

Estas posições antagônicas, entre a cidade terrena e a cidade celeste, deram motivos para que as duas não pudessem viver em comum as leis religiosas levando a cidade celeste a se vê na condição de dissentir da cidade terrestre, para arcar com a carga aos que tinham idéias contrárias e suportar – lhes a cólera, ódio e as perseguições violentas.

Enquanto anda incessantemente pelo mundo, a cidade celeste vai aliciando pessoas de todos os lugares, formando uma grande nação em um eterno caminhar, não se preocupando com todas as adversidades de leis, de costumes que destroem ou conservam a paz; não teme a nada e nem é perecida!

Como vimos, embora as circunstâncias sejam estritamente adversas para a família dos homens da fé, ou melhor, a família celeste, ela encontra o mesmo fim que é a paz terrena, a adoração a um único Deus. Ela usa da paz terrena e das coisas necessárias em favor dos homens, protegendo e desejando o acerto de vontades entre eles, deixando livre a piedade e a religião super ditando a paz terrestre, digo, terrena à paz celeste, a única e verdadeira de ser a paz do ser racional, a que prega a união para gozar do ser supremo e ao mesmo tempo em Deus.

O mesmo não acontece com a família terrena que se preocupa com as coisas passageiras deixando a idéia da paz e da vida eterna alijada das suas idéias e do pensamento aversivo às idéias da família celeste.

(Seminário apresentado em aula de filosofia na UNIB em 1986)

DEÍFICO