De repente... Solidão!

Saiu do apartamento dele com as mãos trêmulas, com a voz fraca e com um choro contido... Durante horas e horas de explicação, de porquês, ele havia concluído que era melhor acabar.

Das explicações ela nem lembra, os pés trilhavam por um caminho que ela já não conhecera mais, e ficou 23 minutos esperando o onibus, chovia, as lágrimas que não saiam de seus olhos, estavam caindo talvez dos céus. Estava tudo planejado, o jantar, o vinho preferido, o disco que ele tanto quis ouvir, já não sabia distinguir de onde vinha o sofrimento se era do passado tão feliz, se do presente, ou do futuro que estava por vir.

Chegou em casa, atirou-se na solidão, ouviu sozinha o disco, imaginando como poderia ter sido, e não foi.

Tantos anos, tantos momentos, e não mais existirão, não haverá mais nada, depois do Adeus, só resta a Solidão.

O sono não vinha, as horas não passavam, a dor era velada, a morte de um sonho que se desfez...

Ele estava todo arrumado, com certeza sairia aí pelo mundo afora, como um pássaro livre, aproveitando de tudo em uma só noite... levaria outra mulher para um lugar onde era só seu.

Nem remorso, nem nada!

O telefone não tocava, o arrependimento não vinha, a dor ia aumentado, o choro explodia de uma só vez, eram lágrimas de uma vida toda, que se desprendiam, que saiam pois chegara a sua hora.

Dormiu ali mesmo, no sofá onde sentou, onde sentaram muitas vezes, onde cada um se abriu e contou um pouco da sua história, onde por muitas vezes dormiam um em cima do outro, sem ao menos desligar a tv, e agora, agora: Nada!

Acordou as 7 da manhã, com o rosto inchado e ficou ali sem saber o que fazer.