Quando os filhos viajam pela primeira vez.

Em Janeiro de 2011, pela primeira vez minha filha viajou sem a família. Ela tem treze anos, fez no mês de agosto de 2010. É muito responsável, sempre tirou notas excelentes, passou para oitava série por média. É doce, carinhosa com todos os amigos e familiares. Como observaram não havia motivos para eu dizer: não e não, tu não vais viajar com tua melhor amiga para a casa de praia da família dela. Um lugar seguro, confortável e com pessoas responsáveis. Não, não havia motivos reais, mas, existiam os irreais que inundaram meu peito quando ela, muito feliz, me disse: - Mãe, a Gi me convidou para ir à praia!! Pensei, deve ser uns três dias, vou deixar. Porém, veio o restante das informações eram oito dias e nove noites. Senti um imenso desespero, porém racionalizei conversei com a família da amiga, não existia motivos para negar a viagem.

Deixei com uma imensa dor e rezando pra ela desistir na última hora. Um dia antes, ela me disse:- mãe to insegura. Pensei feliz, ela vai desistir. Porém, a minha menina,como já disse, é responsável pelos seus atos e companheira das amigas. Assim a Beta foi viajar pela primeira vez sem a família. Fiquei orgulhosa da sua maturidade e com uma agonia desmedida dentro de mim, ficaria algum tempo sem minha doce loirinha. Ela é minha companheira, praticamos esportes juntas: caminhadas, academia. Também temos o hábito da leitura e a escrita. Uma está sempre lendo os textos da outra e comentando as leituras feitas.. Sentia sua insegurança, mas vi a sua vontade em fazer um vôo solo para amadurecer. Ela tem uma relação um tanto simbiótica com a família, principalmente, comigo. É claro foi muito mais difícil pra mim. Que vontade de dizer não, deixá-la comigo sempre. Por que a minha Beta tem que crescer? Senti ódio das amigas, do mundo que aos poucos vai tirando nossos meninos e meninas e os levando para além da terra do nunca..

Estou passando por isto pela segunda vez, pois o meu guri está com dezesseis anos, e senti muita dor quando ele começou a crescer. Quando fez a primeira viagem sozinho tinha a mesma idade da Beta e me senti como tivessem arrancado um pedaço de mim. Também quando começou a sair à noite para as baladas foi muito doloroso. Tem sido difícil, ficar sem minha filha, sinto falta das risadas, das nossas conversas e principalmente dos abraços carinhosos que ela está sempre me dado. Invento muitas desculpas para conseguir dormir. Tento esquecer que ela está dormindo em outro quarto e, não ao lado do meu. Não entendo porque dói tanto para as mães ficar longe dos filhos e para os pais é tão diferente. Tenho contado os dias, as horas e os minutos para minha filha chegar, mas, está demorando tanto, tanto...

10/ Janeiro 2011( domingo a noite)

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 30/01/2011
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