UMA EXPERIÊNCIA E TANTO

Por conta da interdição por que passa o aeroporto de Itaituba, a viagem até o município precisa ser feita até Santarém, de onde se pega um ônibus e depois um barco para chegar ao município considerado o segundo mais importante da Região do Tapajós. A viagem de ônibus pode durar de 8 a 12 horas, de acordo com a maior ou menor intensidade de chuva na região.

Na ida levamos cerca de nove horas e meia e a viagem, embora com as trepidações devido aos inúmeros buracos da estrada, não apresentou nada de anormal.

A volta, com a chuva torrencial que durou várias horas em Itaituba, já tinha sido anunciada como difícil. Mas ainda assim estava otimista de que não aconteceria o que muitos diziam: - tivemos que ajudar a empurrar o ônibus para tirar ele do atoleiro.

Lá pelas onze horas nos deparamos com uma cena que, segundo os moradores locais, é constante naquelas paragens quando chove: uma ponte quebrou por não suportar o peso de um caminhão com sua carga. A carroceria do veículo ficou totalmente tombada.

Restavam-nos duas alternativas: esperar a chegada de outro ônibus vindo de Santarém e fazer a troca de passageiros – o que deveria acontecer lá pelas tantas da madrugada – ou “encarar” o pequeno e arriscado espaço que sobrava entre o caminhão e uma espécie de vala e mato. Após “criterioso” estudo dos motoristas – um deles portava uma lanterna que mal se comparava à iluminação proporcionada por dez vaga-lumes – e dos vários “especialistas” passageiros de plantão, o ônibus partiu para a aventura de atravessar aquele obstáculo.

De repente o veículo ficou tão inclinado que ameaçava virar em cima da carroceria do caminhão. Foi então que os motoristas convocaram os homens para literalmente apoiarem o veículo para que não virasse. Lá fomos nós para o cumprimento da tarefa. O ônibus passou e não tocou, como se pensou, o caminhão.

Para nossa surpresa o ônibus ameaçou a virar para o outro lado. Agora os motoristas então nos pediram para apoiá-lo do outro lado. Confesso que me acovardei. Pensei: - Se virasse para cima do caminhão não nos afetaria, mas se virar para o outro lado dificilmente escaparemos. Lembrei de um velho ditado que a mãe de um amigo meu vivia repetindo ao filho: “Mais vale um covarde vivo do que um herói morto”.

Dois dos bravos passageiros quase são jogados vala abaixo. Felizmente o ônibus passou vitorioso debaixo dos aplausos de todos.

Ufa! Que alívio.

Depois do caso passado, vejo que mesmo com todos esses atropelos valeu a pena conhecer Itaituba. Não vou esquecer daquela orla e daquele rio maravilhosos, onde tomei tacacá e mingau de banana e também fiz caminhadas.

Relatei este fato para chamar a atenção dos que estão em eminência no município e no estado a fim de tratarem melhor essa cidade tão bela e de darem aos seus habitantes condições de viajar para os municípios mais próximos, e aos turistas o prazer de desfrutar de uma terra rica em belezas naturais.