Então, sou frágil!

Você sabe a diferença entre medo e pavor? Não estou perguntando o significado de cada palavra, mas a diferença de sentimento, de reação que eles produzem em nós. Claro que se diferenciam, uma é mais intensa, avassaladora; a outra amedronta mas tem um fim.

Eu por exemplo, tenho pavor da solidão. É pavor mesmo! Não acho solução imaginável para isso. Pensar que um dia não terei com quem dividir nada, minhas alegrias, tristezas, medos, prazeres e bobagens. Não digo companheiro apenas, mas alguém. Não tem sentido uma pessoa viver sozinha.

Para explicar isso tem até teorias. A antropologia, por exemplo, admite que a “identidade está sempre relacionada à idéia de alteridade, ou seja, é necessário existir o outro e seus caracteres para definir por comparação e diferença com os caracteres pelos quais me identifico.”

Isso quer dizer que para definirmos nossa identidade não podemos fazer sozinhos, não é um processo totalmente individual. Todos precisamos de um "outro" para tomarmos consciência de nós mesmos, dos nossos limites. Temos que saber o que outro não é para podermos enxergar o que somos, entendeu? Complicado né? Mas na minha cabeça isso é simples. Não há vida solitária.

Muitos devem analisar isso como uma dependência, mas não é. Como posso explicar? A vida é cheia de momentos para ter que passar por eles sozinho, sendo eles bons ou ruins. Que graça tem uma gargalhada sem ter alguém para escutar (e rir junto)? Ou assistir a um filme interessante sem ter ninguém com quem discutir? Ou fazer um prato especial, mas não ter alguém para saborear? Não entendo isso.

O fato de me ver, de ficar sozinha e saber que isso não será passageiro, me dá pavor, como tinha dito. E medo eu tenho de estar só, sabendo que isso é um estado temporário, entendeu a diferença?

Eu assisti a um seriado chamado “Médium”, muito bom por sinal, que no começo do episódio, que infelizmente não me lembro o número, a protagonista fazia algumas considerações sobre o pavor e o medo. Isso conclui o meu pensamento (e mesmo se não o fizesse, não estragaria o momento de reflexão com qualquer outro final escrito por mim).

“Pavor...chega sem avisar e então consome nossos sentimentos com seu irracional senso de destruição. Você alguma vez teve a sensação de pavor? Não estou falando sobre medo. Medo é imediato. O medo aparece frente ao perigo imediato. Um assaltante com uma arma, um estranho em sua casa.

Estou falando de pavor. Pavor é persistente. Ele te consome. Você não consegue ignora-lo. Simplesmente não passa. Porque é isto que é o pavor. Fica atormentando com alguma coisa que você não pode lidar.

Pavor pode afetar seu trabalho, sua casa, altera toda a sua personalidade. Esperança, como o pavor, frequentemente, vem sem avisar, e então, gratamente nos intoxica e vacina nossos sentimentos com uma irracional sensação de alegria e otimismo. Esperança é o alto, pavor é o baixo. E suponho que a vida é o material entre eles.”

Sheila Liz
Enviado por Sheila Liz em 01/02/2011
Reeditado em 02/02/2011
Código do texto: T2765443
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