Recado a você!

Os dias, contados na folhinha do calendário pendurada na parede da cozinha, se vão como um vento que passa e deixa o rosto gelado com o desconforto da sua passagem.

Os dias acabam e começam com aquela mesma expectativa de um dia a mais, com os mesmos trechos, com as mesmas notas de uma mesma melodia que não para de tocar. Os mesmos passos, os mesmos abraços que não cansam de apertar o mesmo corpo inerte.

Os dias, na verdade os noventa dias bem contados, podem mudar uma vida inteira e não ser lamentados como um prazo final. Que na verdade nem final é!

Nesses dias as canções são feitas, os corações se apaixonam e se machucam, os reencontros trazem lembranças de uma juventude que ainda vive na memória. Mas, nada de lamentações.

Esses três meses que viraram tema de notícia, e nada boa, têm mais vida do que uma eternidade de acontecimentos. Ainda se pode ver o sol nascer e se pôr várias vezes, ainda se pode dizer palavras doces em incontáveis momentos... e, como tudo na vida, não apenas nesses três meses, se chora e se ri.

É apenas uma lacuna que está sendo mistificada por insegurança; medo que se acabe. Mas, o dia acaba e nasce sem nem ao menos se anunciar.

Em noventa dias as fotografias ainda serão pretas e brancas e coloridas, o cheiro de pão de queijo ainda será tentador, a cor das jabuticabas ainda será reluzente e a Fênix ainda terá sua história contada como sempre foi.

São dias como os outros e que, bem vividos, serão lembranças como tantas outras que ainda vivemos dentro de nós. Tempo há, e não são só três meses.

Não há limitação temporal, muito menos quando se ama como eu a você.

Sheila Liz
Enviado por Sheila Liz em 02/02/2011
Código do texto: T2767456
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.