Doce despretensão

Não foi um bom dia para levantar da cama. Despertou pela claridade que entrava pela janela aberta, nesses dias de calor intenso essa é a única solução. Sentou na cama e demorou a abrir os olhos. Bocejou demoradamente. Olhou no relógio do celular. Era mesmo hora de levantar.

Saiu da cama ainda tonta de sono. Trocou de roupa como quem realmente o fazia por obrigação. Sabia que nessa semana todos os dias seriam assim, preguiçosos e chatos. Ainda mais porque ainda pensava muito na resposta que recebeu dele. Que difícil agüentar aquelas palavras. Ele se despediu de uma maneira...

Balançou a cabeça como quem quer espantar pensamentos bobos e penteou os cabelos. Lembrou das manhãs que passava com ele, e das tardes, e das noites... Como se esquece um passado que ainda permanece tão presente? Mais uma vez tentou se distrair com outra coisa. Procurou alguma roupa para vestir, sem muita inspiração. Que bobagem, nada fica bem mesmo, qualquer uma serve... Logo percebeu como seria mesmo difícil essa semana.

Saiu do quarto silenciosamente, a pequena ainda dormia; encostou a porta e foi tomar café. Não se apressou, decidiu que hoje chegaria mais tarde no trabalho. Sentou-se à mesa com uma xícara de leite e pensou no que estaria fazendo agora se tudo fosse diferente, quer dizer, igual... a antes. Que pensamentos confusos.

Lembrou que recebera uma mensagem na noite passada, mas de tanto sono nem prestou atenção. Pegou o celular e foi verificar. Já imaginava quem era, o encontrara no shopping, horas antes. Um encontro meio rápido, só um cumprimento pálido. Na situação que ele se encontra nem ousou fazer diferente, só um sorriso já demonstrou o que queria.

Leu a mensagem. Nada piegas como costumava ser – mesmo que negasse isso veementemente. Meias palavras somente. Promessas de chocolates que não foram entregues até hoje. Como ela gosta de chocolate! E ele sabia disso. Eles já tinham um caso antigo, beijos e abraços de outros ‘festivais’. Esse descompromisso era pacto conjunto e era legal. Ela curtia muito essa falta de pretensão.

Parou de melancolia, pegou o celular e respondeu a mensagem: “Quando entregará meus chocolates? Ou terei que consegui-los by myself?”. Pronto. Será que ele resistirá aos seus pedidos? Se não chocolates, que fosse um filme, sem legenda mesmo. Aguarda ainda uma resposta...mais uma. Quem sabe ele consiga tornar essa segunda-feira mais interessante?!?

Sheila Liz
Enviado por Sheila Liz em 02/02/2011
Código do texto: T2767465
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