ARREPENDIMENTO

"Ter bons pensamentos não é suficiente. Fazer boas ações não é suficiente, ver outros seguindo seus bons exemplos é suficiente.” (DOUGLAS HORTON)

O fato que será descrito aconteceu comigo, quando ainda era garoto de 10 anos de idade. Na ocasião minha família morava em Uberaba, Minas Gerais. A qual sediava e ainda sedia a maior exposição de gado zebu do Brasil, recebendo visitantes de todo país e também do exterior. Duas semanas de festas, que além do gado de raça, tinha parque de diversões, shows musicais e muita gente. Tudo isso constituía um “prato cheio” para meninada da cidade. Eu vivia em um bairro distante do local, mais ou menos uns 40 minutos de caminhada. A meninada do lugar ia todos os dias para esse local, logo depois do almoço.

Durante o passeio além de brincar, muitas vezes, costumávamos farrear, roubando frutas dos tabuleiros. Tal comportamento leviano era uma prática perniciosa, onde os meninos mais velhos passavam para os mais jovens. Em determinada ocasião, vi um rapazola vendendo maçãs no recinto. Eram maçãs argentinas cuidadosamente embrulhadas em um papel fino e aparentemente de boa qualidade. Na época, havia pouca produção nacional dessa fruta, sendo o preço bem mais alto do que é atualmente. Impensadamente, resolvi furtar uma delas. Tal atitude foi a forma que encontrei de aumentar meu prestígio junto ao restante do grupo. Demonstrando assim, coragem, enfim merecedor de respeito. Todavia, não tinha noção das conseqüências de tal atitude.

O ato condenável foi cometido em um dos momentos de descuido do adolescente, descaradamente enfiei a mão no tabuleiro e tirei uma maçã, saindo rapidamente para o meio da multidão. Apesar do sucesso da empreitada, senti um pesar muito grande, aquele fruto proibido “queimava” em minhas mãos. Dei uma volta no parque, com o “coração na mão”, voltando ao local do lamentável acontecimento. O vendedor estava com a fisionomia transtornada, contando as maçãs restantes.

Imediatamente, um grande remorso tomou conta de mim. Convenci um dos meninos da turma que devolvesse o objeto furtado. Como justificativa, meu companheiro de traquinagem disse que tinha resgatado a maçã do infrator, logo após tê-la surrupiado do tabuleiro.

Assim, consegui reparar o mal feito. Todavia, naquele dia não consegui ficar mais ali. Fui embora prá casa, sozinho, triste e decepcionado comigo mesmo. Entretanto, apesar do erro cometido, aquilo tudo serviu como uma ótima lição. Desde então, jamais peguei alguma coisa que não fosse minha. Os olhos de angústia daquele vendedor, além do arrependimento, fizeram-me refletir mais profundamente sobre as MINHAS AÇÕES e o EFEITO DELAS sobre as outras pessoas. Naquele momento compreendi a real importância de viver honestamente!

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 02/02/2011
Reeditado em 30/01/2012
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