Numa manhã...

Após uma noite mal dormida, sentei na cama e demorei a abrir os olhos. Eles relutavam em encontrar a claridade do dia que acabava de começar e já se destinava a ser bem preguiçoso.

Coloquei os pés descalços no chão e percebi que era uma manhã fria, mais um motivo para não querer sair da cama que insistia em me prender. Olhei no relógio do celular... perdi a manhã toda!

Não tinha planos para aquele dia mesmo, mas, uma manhã inteira era algo que eu não tinha durante cinco dias da semana. Como eu andava com sono ultimamente! Olhei meio desconfiada para o lado... ele ainda estava ali. Não costumávamos dividir a mesma cama durante a noite inteira. Me acho muito prática para isso: cada um no seu espaço. Mas, ele ficou ali.

Levantei – finalmente – sem fazer barulho. E fui passar um café, costume nada rotineiro para mim. Mas, naquela manhã era mais uma necessidade. Sentei no sofá e fiquei ali, bebendo o café ainda bem quente. Poucos minutos ele levanta atraído pelo aroma da bebida...

Beijo-me a testa e foi pegar uma xícara. Não me acostumava a acordar e tê-lo por perto. Não tenho problemas de intimidade, mas, achava que ainda não era momento para isso. A gente se curtia tanto, antecipar alguma coisa agora poderia estragar o que conseguimos nesse tempo. E eu sempre fui sincera... foi até por isso mesmo que estanhei a presença matinal dele.

Ainda com cara de sono e a roupa toda desalinhada (ele se mexe a noite inteira), sentou ao meu lado e passou o braço pela minha cintura. Chegou perto do meu ouvido e me deu um ‘bom dia’ bem baixinho. Sem nada responder, olhei para ele e sorri, ainda bebendo o resto do café que sobrava. Me senti confortável por alguns instantes, segura também.

Desde o começo do nosso ‘lance’ combinamos que tudo seria natural, ninguém forçaria nenhum sentimento. Mesmo assim ele já falava que era certo eu me apaixonar por ele. Era tão convicto disso que eu percebia uma calma anormal em seus olhos. Eu apenas achava graça da sua confiança tão aparente, mas ele negava dizendo: ‘Não é segurança, eu apenas sei. Você também, só não quer admitir. Você gosta de mim, não tanto quanto eu, mas gosta”. Para isso eu não tinha resposta, mudava de assunto rapidamente. Sempre que eu fazia isso ele me olhava, sorria e me abraçava – como quem apenas espera o ‘acontecimento’.

Levantei bruscamente e deixei o braço dele, que me envolvia tão carinhosamente, cair no sofá. Deixei minha xícara na pia e voltei ao quarto. Vi que as roupas dele estavam na cadeira ao lado da cama, dobradinhas. Sorri, sem perceber. Gosto desse jeito organizado dele... só para fazer uma ‘pirracinha’, joguei o cinto no chão e virei um dos tênis. Deitei novamente na cama e me espreguicei demoradamente... Escutei barulhos vindo da cozinha, era ele lavando a louça – não disse dessa organização dele!

Abracei o travesseiro e liguei a tv. Em alguns instantes a porta se abriu... Ele chegou perto dos pés da cama e ficou me olhando. Tocou meus pés levemente e foi subindo pelas pernas. Logo se jogou na cama também e me abraçou. Virei o corpo para o lado contrário e ele me abraçou ainda mais forte, como se mostrasse que mesmo assim, ele me queria por perto.

Senti sua respiração em meu pescoço; me beijou de leve, irresistivelmente – ele sabia como eu me sentia quando ele fazia isso. Continuou com as carícias e eu me contorcia, sem deixar ele parar. Virei e o beijei profundamente por alguns minutos. Pedi para esperar um pouquinho e fui ao banheiro. Liguei a torneira, molhei o rosto e me olhei no espelho. Fiquei ali, parada até que um sorriso malicioso surgiu em meu rosto. Voltei e ele continuava ali a me esperar. Reparei que ele já tinha arrumado o tênis e colocado o cinto no lugar, como o esperado. Ele viu que eu olhei e rimos juntos. Voltei para cama e dormimos novamente.

Pelo menos de uma coisa eu estava certa, foi realmente um dia preguiçoso...

Sheila Liz
Enviado por Sheila Liz em 03/02/2011
Código do texto: T2769550
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