JANEIRO SE FOI...

Prof. Antônio de Oliveira*

Foi-se o primeiro mês descartado do calendário de 2011. Consta que o nome janeiro foi dado em homenagem a Jano, o mais antigo rei do Lácio, que acolhera Saturno expulso do céu. Saturno, agradecido, dotou Jano da faculdade de conhecer o passado e o futuro, por isso representado com duas cabeças, podendo olhar para trás e para frente ao mesmo tempo. Porteiro celestial, Jano segura, na mão direita, uma chave, pois foi ele quem inventou a porta (“janua”, em latim) e, na esquerda, um báculo para indicar domínio sobre caminhos e estradas, entradas e saídas. O rei Numa fez erguer, no Foro Romano, o templo de Jano, que só estava fechado quando a República também estava em paz, o que aconteceu nove vezes em mil anos. Numa decidiu que, em vez de dez meses, o ano deveria ter doze meses, introduzindo os meses de janeiro e fevereiro, curiosa explicação pela qual sete deixou de ser sete... setembro passou a ser o nono mês, outubro é o décimo, novembro o décimo primeiro, e dezembro o décimo segundo.

No filme O Turista, Angelina Jolie, contracenando com Johnny Depp, mostra-lhe uma espécie de amuleto, uma medalha com a figura de Jano. O filme desenvolve justamente a teia em que uma bela mulher envolve um homem tímido numa perigosa conspiração. Era como se ela acreditasse no poder mágico de Jano que, olhando para o futuro, certamente já soubesse o que iria acontecer. Muita gente se pergunta, no desenrolar das novelas de televisão, quem matou quem.

Passado o primeiro mês do ano com tantas inundações e acidentes rodoviários, bem que gostaríamos de saber de Jano o que ainda está para acontecer, pois nossos políticos em geral são diligentes apenas em causa própria. Homero narra que Ulisses enfrenta o canto das sereias que seduziam, com sua voz sensual, mágica e inigualável, os que se aproximavam para ouvi-las: – Aproxima-te, detém a nau a fim de escutares os mais belos cantos. Os que por aqui passaram sempre pararam para nos ouvir. Conhecemos o presente e o passado, e dir-te-emos o que o futuro te reserva.

Seria o caso de perguntar a Jano, sem se deixar levar pelo canto das sereias: O que ainda nos reserva o Anel Rodoviário de Belo Horizonte?

* antonioliveira2011@live.com

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 03/02/2011
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