Dolce far niente (Doce fazer nada)

Esther Ribeiro Gomes

A maior aventura de um ser humano é viajar.

E a maior viagem que alguém pode empreender

é para dentro de si mesmo.

E o modo mais emocionante de realizá-lo é ler um livro.

(Augusto Cury)

Meu falecido tio, desembargador aposentado, ensinou-me a amar os livros e viajar nas leituras dos mestres da literatura.

Uma das salas de sua casa foi transformada numa grande biblioteca e antes de adentrá-la, tínhamos que tirar os sapatos em respeito aos gênios que ali se encontravam!

Ele tinha um amor tão grande por seus livros que me encantava...

Dizia que era muito triste ver a juventude de hoje não ter o hábito da leitura.

Graças a ele eu lia muito, desde minha adolescência, tendo adquirido bons conhecimentos e facilidade para escrever.

Hoje, infelizmente, crianças e jovens ficam horas no computador, lêem muito pouco, possuindo um vocabulário restrito que os prejudicará nos estudos e nas futuras profissões.

Neste mundo apressado e atribulado, ninguém mais gosta de passar o tempo livre em casa, lendo um bom livro, aproveitando para relaxar e repor as energias, buscando equilíbrio e paz de espírito.

As pessoas são estressadas, agitadas e não gostam do silêncio de estar consigo mesmas.

Lembro-me das férias da minha infância que eu passava devorando livros de contos e me deliciando com os quitutes da minha mãe.

Depois, na adolescência, adorava os livros de suspense de Agatha Christie, histórias românticas e toda boa literatura.

Hoje, quando as pessoas saem de férias, nem pensam em ficar em casa fazendo nada, lendo um bom livro, curtindo os amigos e a família.

Querem viajar, conhecer novos lugares e se estressarem em filas e aeroportos...

Óbvio que viajar é gratificante, prazeroso, sem contar que pode ser um banho de cultura, mas, também é preciso encontrar tempo para o recolhimento, para se reciclar e aprimorar o espírito com uma boa leitura.

O mundo moderno é barulhento, as pessoas estão sempre com pressa e vivem numa correria sem fim, para não chegar a lugar algum...

O ser humano está tão centrado em si próprio que não percebe a beleza da natureza, a delicadeza de um botão de rosa se abrindo, não aprecia uma árvore florida, nem repara nos passarinhos que nela pousam...

Como é gostoso sentar num banco de jardim no final da tarde, tendo por companhia um bom livro...

Nada é mais gratificante que o ócio, tão decantado pelos gregos, num relaxante ‘dolce far niente’, para acalentar o coração e renovar a alma!

Afinal, a felicidade parece residir no ócio que produz a riqueza interior, segundo o filósofo Aristóteles...

Esther Ribeiro Gomes
Enviado por Esther Ribeiro Gomes em 04/02/2011
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