Gatinha Mimosa e outros 'causos'...

Esther Ribeiro Gomes

Minha tia-avó Mazé tinha uma linda gatinha branca da raça angorá que mais parecia um ursinho, de tão peluda!

Ela se chamava Mimosa, mas seu apelido era Mimi e era muito arisca, não gostava de receber visitas.

Como toda criança, eu queria pegá-la e acariciá-la, mas, qual o que, quando chegava perto ela se escondia embaixo da cama...

Tinha ciúmes da minha tia e se alguém ousasse sentar em sua cadeira de balanço, ela se arrepiava toda e mostrava os dentinhos...

Tia Mazé dizia, indignada: ‘Dizem que os animais não têm alma, mas eu não acredito, olha só a Mimi, só falta falar!’

Eu gosto mais de cachorros (tenho quatro), acho que eles são mais amigos e companheiros da gente, mas aquela gatinha era especial...

Minha tia era uma pessoa ímpar, humana, carinhosa e eu a amava muito.

Ela morava perto da Av. Angélica, em São Paulo e no verão sempre me levava para passear nos bondes abertos, subindo e descendo a avenida...

Eu adorava, mas na hora de sair do bonde era uma briga.

Que saudade...

Ela sempre me contava lindas histórias, ‘causos’ de família, dava conselhos e eu ficava horas ouvindo, embevecida.

Um dia, quando cheguei para visitá-la, estava com um olhar triste e quando perguntei qual a razão, respondeu, balançando em sua cadeira: ‘Minha filha, esta vida é um conto do vigário...’

Tia Mazé cozinhava muito bem, mas não gostava que reclamassem da sua comida.

Fazia bifes deliciosos e na mesma frigideira onde eram fritos, passava o arroz, já cozido, para pegar o gostinho deles...

O arroz ficava douradinho e até hoje gosto de bife com o ‘arroz de frigideira’ da tia Mazé.

Ela tinha duas filhas: Neide e Leoni.

Neide era minha prima preferida, tinha lindos olhos azuis e brincava muito comigo, rolando pelo chão...

Nadava feito um peixe e sempre me levava ao clube para vê-la fazer suas ‘acrobacias’ na água.

Quando chegávamos em casa, eu dizia: Tia Neide pulou na piscina e fez ‘tibum’!

São tantas as lembranças gostosas da minha infância que posso dizer, como naquela canção: Eu era feliz e não sabia!

Esther Ribeiro Gomes
Enviado por Esther Ribeiro Gomes em 06/02/2011
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