FANTA NÃO É COCA
 
 
Menino, dizem que as línguas que não cansam de falar que a gente quando tem amigo que vira gente importante tem que de tudo esperar. E isto pelo que vejo é muito interessante saber o porquê isto aconteceu logo comigo, não é brinquedo não. Igual a esta que lhe conto nem o vigário que por bem fala muito tem igual.
 
Certa vez eu saia pra João Pessoa e na altura, entre a Praia do Poço e Intermares certa pessoa que se encontra aqui dentre vocês estendeu a mão e pediu pra eu parar. Veja só que presepada, que moído doido aconteceu. Não é caso para rir nem mesmo para chorar, ela dá até para confirmar caso queira dentre vocês este se apresentar. Mas acho que não. Pois dá até desgosto de querer se mostrar. Eu, ia na minha dirigindo e contemplando essa linda paisagem dentre Cabedelo e João Pessoa quando ela me pediu para parar.
 
Que coisa meiga, que coisa linda, que coisa boa. Eu pensei hoje eu vou me dar bem. Sou muito na minha, não sou de mexer com mulher de ninguém nem mesmo que seja por brincadeira, amigo que é amigo brinca quase toda hora e se der tá dado. Aconteceu que essa pessoa entrou no meu carro, mexeu com as pernas pra lá e pra cá, e como que dissesse pra mim o que é bom tá guardado prontinho para lhe entregar, tá coberto com uma fina camada, é só você desembrulhar que o presente é todo seu.
 
Meus pensamentos de repente vieram de repente se foram, e eu nem me dei conta de que era um destes motoristas de alternativo pegando uma vez ou outra um passageiro, foi quando eu voltei a me situar de novo e parar o carro para outra pessoa entrar, neste interim, essa dona, vamos, dizer assim, disse que não parasse que bastava apenas dizer o quanto era o estrago que pagaria a corrida toda.
 
Bom, até aí muito bem, achei bom. Teria uma corrida extra. E o pensamento maligno dizia nesta tu fizeste a féria não tens mesmo do que reclamar estás com esse produto que parece que não ri á toa, nem mesmo sabe o que vem ser uma direção no cotidiano pra lá e pra cá, descendo e subindo. Tu que já algum tempo não vê moça bonita não vai vacilar na direção, o outro lado, o lado esquerdo, aquele lado que fica o coração, simplesmente dizia:
 
_ tome jeito sujeito, não tá vendo que a moça apenas quer chegar a tempo.
O outro rebatia.
 
_ não ligue para o que esse diz, ele em tudo quer dar uma de santinho, e quem sempre sofre é o infeliz.
 
E eu já meio estropiado, sem prever o resultado daquele bafafá do santinho e do diabo, olhava pra moça que nessa altura passara de trás pra frente bem juntinho a mim, como se disse com um sotaque característico de quem viera do estrangeiro:
 
_ não tenha pressa sabichão, temos todo tempo pra conversar, basta saber se você vai querer aceitar sair comigo.
 
Naquela altura, até dizia pra mim mesmo não tenho esse direito de mexer com a mulher dos outros, nunca mexi porque mexer agora. E sendo assim, ela deu mais uma cruzada de pernas, daquele jeito que todo mundo gosta de ver. Tá certo que ela não era nenhuma Mel Lisboa, mas se parecia muito com Dalila.
 
E nisto começamos a conversar sobre gente famosa, dessa gente que até para um amigo tem que marcar horas, audiência, sessão para com ele trocar apenas duas palavrinhas. Destes já não bebem no mesmo copo, acha até que nasceu virado pra lua, e faz de tudo que é estripulias sendo o mesmo tendo outras condições.
 
Afinal, que companheiro é este que nada deixa passar uma hora, tem que marcar para se ter uma prosa bem passageira. E nisto, já bastante avançado a moça olhou pra mim, não disse que estava bom nem ruim, perguntou se eu gostava do que estava vendo, qual seria minha próxima atração quando suposto eu largasse a direção.
 
Meus caros; imagine só como eu fiquei aquele diabinho do meu pensamento chegou sem ao menos dizer por que veio naquele rompante todo, e o anjinho dizia sobre protestos:
 
_ Nessa ainda você vai se dá mal!
 
Cara, eu já estava no ponto de bala, pensando já em dar um amasso naquela pessoa, me embolar com ela, e dançar a dança do meu fio. Foi quando sem ao menos saber o que questionar, perguntei por acaso como ela se chamava, se ela era das redondezas, ou se estava passando férias em Intermares.
 
Ela simplesmente olhou bem pra mim e disse que nada estranhasse que seu nome era Verinha, mas que de fato se chamava Adolfo, e já a muito tempo pensava encontrar alguém assim, um rapaz inteligente, de pensamento pra frente , querendo seus dias compartilhar com destreza de todos os momentos que lhe restava na vida.
 
Camarada, parecia que estava vendo assombração, vendo o diabo vestido a caráter, e eu de repente me tornava a sua presa. Quis correr dali sem saber a direção, se estava indo pro lado certo ou errado. Os pensamentos a mil, o anjinho dizendo pra mim, dá logo um jeito de se desvencilhar do que era lindo e de repente ficou feio que nem sei como dizer o que vem ser isto nesta altura do campeonato.
 
_ Bem que lhe avisei que neste angu tinha caroço, que Fanta não é Coca, e tabaco não nasce em pé, pra se saber tem que ficar deitado e cheirar muito.  
 
Enquanto o diabinho do outro lado ria de se acabar, parecia até que eu estava olhando pra cara do misera tirando onda com a minha cara. Mas, meio sem jeito, eu disse para tal pessoa:
 
_ Por favor, não queira levar a mal, eu me enganei com o retalho da chita porque nem mesmo vi que quase tudo dentre nós era igual. Eu sou um homem casado, tenho duas filhas ainda para criar se alguém de repente vê que me encontrava abraçado tirando um sarro pelo menos vão pensar besteira e isto pega mal pra minha reputação dizer que fui pra cama com um danado de um gay, sem saber por qual razão.
 
Educadamente ele desceu do carro, me deu uma boa quantia em dinheiro, e só depois é que eu soube que ele era irmão de uma das minhas vizinhas que viera de Portugal.