De fitinha a paquímetro, com direito a foto

Constrangedora. Assim defino a situação de quem precisa se submeter a uma avaliação física para iniciar treinamento numa academia. Porém, em alguns casos, como o meu, o que é constrangedor transforma-se instantaneamente em hilário. Explico: após dois anos de vida sedentária (do trabalho para casa, do computador para a cozinha e desta para a cama) e com quilos a mais acumulados por toda parte, decidi que agora, sim, é hora de investir pesado (sem trocadilho) na minha saúde.

Entrei para uma academia que presta atendimento do tipo personal. Na verdade, um estúdio de treinamento físico, onde contarei com a atenção integral do meu professor para cuidar deste corpitcho tão machucado após o tratamento contra o câncer e os embates emocionais recentes. Tudo explicado, tudo conversado, lá foi a Giovana fazer avaliação. Detalhe importante: de biquini. Quem me lê há mais tempo conhece minha história com biquini, após a cirurgia.

Cicatrizes, abdômen abaulado, uma mama maior que a outra e, claro, gordurinhas indesejáveis saltitantes. E a criatura ali, numa sala minúscula, diante de um homem estranho (simpático, educado e respeitoso, mas estranho). Tenho que perguntar: quem merece?

Pra começar, medidas: com uma fitinha nas mãos, o professor mede tudo, milimetricamente. Contorno dos braços, pernas, coxas, cintura, peitoral. Vira de frente, de costas, afasta as pernas, olha para a parede, levanta o braço, faz força assim, quero medir o muck (hã?), peso, altura. E é neste momento que descubro não ter mais 1,65m. Estou menor, com 1,63m chorados, segundo o professor. “O ser humano diminui de tamanho mesmo, por causa da desidratação entre as vértebras. Reduzimos altura até ao longo do dia”. Ah tá, fiquei mais baixinha, é isso... Se gostei da informação? Ainda estou em dúvida.

Em seguida, paquímetro. Não sabe o que é isso? Trata-se de um equipamento usado para medir a gordura localizada (mede-se outras coisas também com ele, inclusive tumores palpáveis na mama). Para obter a medida, é preciso que o professor puxe a pele com os dedos, como num beliscão, para encaixar a régua. Não chega a doer, doer. Mas dói. E a pessoa ali, paciente, se disponibilizando. E entre uma beliscada e outra, ouço: “É, tem muita coisa aqui mesmo pra perder”. Uau! Que motivador ouvir isso, hein?! “Pelo menos a gente vai ter muito o que trabalhar, né?” Ficou pior. A minha reação, claro, muita gragalhada. Só consegui rir da minha situação.

Para finalizar, fotos. É, caríssimo leitor, tirei fotos de biquini, algo que não faço há cerca de um ano, por motivos óbvios. À frente de uma plataforma vertical toda quadriculada, a pessoa deve se posicionar corretamente para uma fotografia que será comparada a outras, futuramente, em avaliações periódicas. Então tá. Fica assim, reta, não precisa se arrumar, deixa os braços um pouco distantes do corpo, estica um pouquinho os dedos, afasta os pés, olha para frente, isso, “agora dá um sorriso”. Para o mundo que quero descer! Depois de armar tudo isso, ainda pede pra sorrir?! Não dá... Tive outro acesso de riso, saí da posição e precisei me ajeitar novamente.

E como no final tudo dá certo, fui autorizada a me vestir e acabar logo com aquela sequência animadora. Avaliação terminada, combinamos de iniciar minha programação logo no dia seguinte, com exercícios aeróbicos na esteira. E minha primeira experiência com este equipamento já é uma outra conversa, que ainda estou decidindo se vou contar numa próxima crônica. Adianto que ri muito em casa ao relatar para a família. Imagine você.

Giovana Damaceno
Enviado por Giovana Damaceno em 07/02/2011
Código do texto: T2777321
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