Onde está a família?

Hoje fui obrigado a pensar o que se passa com esse mundo estranho. Um garoto de 15 anos de idade, que conheço desde minha infância sofreu um acidente enquanto trabalhava lavando um caminhão. Não entrarei aqui em detalhes sobre o acidente, que por si só não explica minha preocupação. O que quero discutir são os valores que esse mundo tem. O que nós estamos fazendo por nossas crianças? Lembro me que quando conheci o referido menino a família dele tinha boas condições de vida. Eram comerciantes, e o garoto era muito bem tratado. O pai, dono de um incrível talento para fazer deliciosos pasteis, com tempo foi se entregando a bebida e com isso o lar daquela família foi desmoronando até a separação. O problema do alcoolismo deve e pode ser considerado um problema social, no qual todos nós deveríamos trabalhar para erradicá-lo, principalmente através da mídia. Seguindo, com a separação da família, há pouco tempo atrás, o garoto aqui referido passou a se comportar como um delinquente, fazendo coisa errada, enquanto a mãe passava dificuldades para criar os filhos. Eu pouco sabia do que se passava agora na vida do garoto. Às vezes não sei nem o que se passa com a minha vida. A questão é que o jovem enquanto trabalhava, pra ajudar a mãe, que não deveria precisar de ajuda se a maldição do alcoolismo não entrasse na família, sofreu um acidente e encontra-se agora à beira da morte. No fim a verdade é que nunca temos um final feliz. E até temos, mas são raros, quando não são fabricados pela TV em vias de aumentar a audiência. Cada vez mais as pessoas precisam de ajuda, e cada vez mais ajudamos menos, ou ajudamos com interesse, ou até mesmo prejudicamos. Que vida indigna temos vivido, e isso me envergonha de dizer, porque sou um dos indignos que leva a vida olhando apenas para o próprio nariz, com leves surtos de humanidade de raros em raros dias. Me lembro agora que ainda essa semana uma menina veio até mim com fome e não tive a atitude de levá-la até minha casa e dar-lhe algo para comer. Quando Jesus voltar, se é que ele vai voltar, não levará daqui mais que uma dúzia de pessoas, recém nascidos talvez. E desde já estou me acostumando com a idéia de ficar por aqui, sem direito ao meu pedaço do paraíso, a menos que chegue algo ou uma idéia que me mude, que mude a humanidade, melhor dizendo, que nos dê humanidade, pois acho que ainda não passamos de um monte de macacos que constroem casa e geringonças eletrônicas com as quais criam laços de afeto, e assim vamos deixando o mundo fluir numa correnteza de insensibilidade.

Melhoras Rudson, espero que você possa sair dessa, gerar mais um caso de final feliz.