DIA DAS BRUXAS

Cada vez mais eu creio em bruxas, embora elas não existam. Ontem à noite, quando recebi aquele e-mail, me surpreendi. Parecia tão angelical, tão amigável a princípio. Tão Dalai Lama. Só no último parágrafo punham as garras de fora, dantescamente ameaçando: “Arderás no fogo do inferno se não...” Quem mandou abrir, começar a ler, ir até o fim? Caí como um patinho, que ódio! Detesto correntes de qualquer espécie, do bem ou do mal. Essa seria do que, afinal? Só sei que nos dez segundos que me foram concedidos (acabei embarcando) pensei no que desejava: uma mudança de percepção na avaliação do outro sobre mim. Não qualquer outro, um específico, claro. Desanuviar uma situação presente sem despender uma gotinha de saliva sequer, sem gastar dois dedinhos de prosa. Meus, ou de alguma alma caridosa de amigo intercessor. Resumindo: queria mágica pura. Mas não é que depois de navegar mais um pouco, os olhos já fechando de tanta madrugada, volto ao Outlook e eis o pedido realizado, na minha caixa de entrada, em tempo recorde, como prometido pela feitiçaria virtual. Atônita, desperta como após um banho frio, sobressalto-me, exclamando: E agora, José?, já que interrompi a corrente, não dei prosseguimento a ela, encaminhando-a para não sei quantas pessoas, como é de praxe? Represália de bruxa deve ser dose! No mínimo, reversão de resultados.

Ana Guimarães

Ana Guimarães
Enviado por Ana Guimarães em 01/11/2006
Reeditado em 15/05/2019
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