Elogio da compreensão

Julgar é, sem dúvida alguma, mais fácil do que compreender. Logo, nosso hábito é o de julgar sem a preocupação da compreensão. E o que é procurar compreender? É perguntar-se, tão somente. Mesmo assim, parece bem mais simples, rápido e prático julgar.

Acontece que nem tudo na vida tem a irrelevância de um jogo de futebol, onde apenas classificamos times e jogadores em bons e ruins, para logo mudamos de opinião após um gol, um frango, um jogo ganho ou perdido.

Os julgamentos que fazemos na vida real costumam ter consequências. Requerem compreensão, e essas requerem dúvidas. Se, diante de cada fato, não fôssemos dominados pelo impulso de atribuir valores, mas sim tivéssemos a habilidade de descobrir o porquê das coisas serem como são, das pessoas fazerem o que fazem, quantos mal-entendidos poderíamos evitar? Não viveríamos num mundo mais tolerante, no mínimo?

Julgamentos carregam a pretensão da resposta pronta e da explicação vazia. A compreensão nos oferece os benefícios da dúvida. O que o julgador já descobriu há tempos, nós, que vamos tentar compreender, talvez nem venhamos a descobrir. Mas dos equívocos do julgador, e da sua preguiça de pensar, tenho certeza que estaremos livres.

Andrei Andrade
Enviado por Andrei Andrade em 13/02/2011
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