Nove vestibulares

Nesta semana que passou, acompanhei com alguma atenção a história dessa menina de 16 anos, aprovada em 9 vestibulares para medicina. Espantoso. Lembrei de cara de como foi minha inglória passagem por esta breve, mas decisiva etapa da vida.

Em 2004, fui o 60º colocado no vestibular de Jornalismo da Unisinos (devia ter 2 por vaga). Pior que isso, ainda zerei a prova de História. Deveria ser proibido zerar uma prova, mas não era. E para desgraça do sistema de ensino, fui aprovado. Acho que a redação sobre a importância do ócio criativo evitou o que seria uma pequena tragédia: ser o primeiro reprovado em um vestibular de universidade privada.

Ao contrário do que pode parecer, não foi tão difícil zerar a prova de História. Seguindo algum conselho infeliz, marquei a letra D em todas as alternativas. Pois aquela era a única letra que não constava entre as respostas corretas naquelas dez questões. E se eu já não cogitava prestar vestibular em universidade federal antes disso, nunca mais mudei de ideia.

Não lembro exatamente por que abdiquei de responder às questões de História, disciplina da qual que sempre simpatizei. Não saber a resposta de nenhuma delas não chega a ser um motivo, pois também não sabia nada de algumas outras matérias, e mesmo assim quebrei a cabeça, fiz alguns cálculos, puxei por algumas aulas de química e física na memória, olhei para a prova do colega ao lado. Mas na fatídica prova de História, de cara entreguei os pontos. Parti pra malfadada malandragem.

Fato é que não confio em avaliações dessa ordem. Não gosto de vestibulares, assim como detesto as tais dinâmicas de grupo. Vocês já fizeram dinâmica de grupo? Poucas situações podem ser mais embaraçosas. Quando nos pedem, por exemplo, para nos apresentarmos ao grupo de forma criativa, e tudo o que vem à mente é um grande branco, um vazio de criatividade. E nesse momento você vê aquele tão sonhado emprego ou estágio indo embora.

Vestibular pode ser traumatizante, e até acredito que uma pessoa consiga ser aprovada em nove vestibulares. Mas se essa menina vier a resistir a nove dinâmicas de grupo, aí sim, só me restará tirar o chapéu.

Andrei Andrade
Enviado por Andrei Andrade em 14/02/2011
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