Ilha de Marajó: sonho ou pesadelo ???

Todos nós adoramos ver documentários e reportagens mostrando lugares belos e encantadores. Desde criança ficamos fascinados com cenas de animais selvagens, cachoeiras, oceanos e paisagens distantes.

Quando se fala em natureza brasileira alguns nomes logo vêm à nossa mente. Talvez o mais lembrado seja a Amazônia, seguido de perto pelo Pantanal, a Mata Atlântica, a Ilha de Fernando de Noronha e a Ilha de Marajó.

Certamente a Ilha de Marajó é um dos locais mais visitados por jornalistas e repórteres que querem mostrar curiosidades e grandes belezas de nosso país-continente.

Assim, quando se fala no Marajó todo mundo tem uma opinião bem formada, sempre associando a Ilha aos búfalos, aos guarás (aves vermelhas belíssimas), a coleta do caranguejo e ao hábito exótico de comer “turu” - que é um molusco que tem a aparência de uma “minhoca” e vive nas árvores podres do mangue. No Brasil são poucos os lugares em que se vê alguém comendo algo tão esquisito, o que chama muito a atenção do público.

Entretanto, pouca gente sabe que a Ilha de Marajó faz parte de um arquipélago (um conjunto com centenas de ilhas), que abrange uma área gigantesca, que, em seu todo, constitui a maior ilha fluvio-marítima do mundo, com 49.606 Km². Nessa imensidão existem 16 cidades, o que engloba uma população de aproximadamente 450 mil habitantes.

Só para ter uma idéia: a área do arquipélago do Marajó é maior que a área de alguns estados brasileiros, como, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Sergipe e Alagoas. Por isso, é possível dizer que a população marajoara vive isolada do resto do Brasil, sem os benefícios e confortos de outros lugares.

Tristemente, os dados mostram que a qualidade de vida da população marajoara fica muito abaixo da média brasileira. Falta de escolas, atendimento de saúde deficiente, mortalidade infantil, violência contra a mulher, crianças trabalhando, desmatamentos e outros crimes ambientais são problemas comuns nessa região.

Esse fato pode soar estranho para muita gente, pois o romantismo presente nos documentários ecológicos deixa uma imagem distorcida, como se nessa parte do país não existissem graves problemas sociais.

Vejo que é unânime a falta de conhecimento por parte da maioria dos brasileiros acerca da verdadeira realidade do Marajó. Acredito que a mídia tem um papel fundamental na produção de informação, o que deve ser feito não somente para entreter e formar opiniões simplistas, pois deve contribuir para reivindicar melhorias nas políticas públicas para reduzir as extremas desigualdades sociais de nossa nação.

Todo brasileiro tem orgulho de viver num país tropical, pacífico, cheio de povos e costumes diferentes. Faz parte de nosso cotidiano destacar as riquezas naturais e os valores culturais de nossa nação como algo bastante positivo, mas em muitos casos é triste ver que muitos símbolos nacionais não são valorizados como deveriam.

É certo que o Arquipélago do Marajó constitui-se numa das mais ricas regiões do país em termos de recursos hídricos, biológicos e culturais, o que justifica a necessidade de melhor valorização desse magnífico patrimônio.

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Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 449, p. 15, de 03/02/2012. Gurupi – Estado do Tocantins.

Giovanni Salera Júnior

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Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 15/02/2011
Reeditado em 05/02/2012
Código do texto: T2793511
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