O amor nos tempos da confusão sentimental

“(...) me perdoem se eu insisto neste tema, mas não sei fazer poema ou canção que fale de outra coisa que não seja o amor. Se o quadradismo dos meus versos vai de encontro aos intelectos que não usam o coração como expressão (...)” Antônio Carlos e Jocafi

Eu consigo distinguir o real do imaginário; claro, como uma pessoa normal. Mas mesmo assim, continuo com a impressão de estar vivendo além da realidade. É sublime, leve, iluminado e, ainda assim, forte o suficiente para me agarrar todos os dias e me prender por suas artimanhas ingênuas.

A despretensão se torna evidente quando descobrimos que é apenas um sentimento envolvente por si só, não utiliza armadilhas propositalmente, elas simplesmente se fazem presentes. Acho que é exatamente dessa forma que os apaixonados se sentem... Presos por algemas que nem existem. Não que isso seja ruim, mas a paixão os pega de forma incontestável. Entretanto, o que penso e sinto é ainda mais suave que isso...

Acredito não estar mais na fase em que as horas passam pesadamente devagar, que a ausência é dolorosamente insuportável e a presença inexplicavelmente vital. Não, o sentimento é mais nobre e compreensível que isso. É claro que até mesmo os minutos são contados a cada passar do ponteiro, mas, é menos sofrível e mais compreensivo. Não há dúvida que a ausência é sentida, porém com resignação; e a presença é absorvida como algo que nos complemente o ser... Isso eu creio ser o amor.

Não pretendo e nem quero ser entendida como alguém que tentou racionalizar o amor, absolutamente! Até porque me considero uma pessoa passional, pouco (muito pouco) racional... Os sentimentos me levam como se fossem ondas desenfreadas, com rumo certo, mas com uma direção meio desordenada. Bom, aprendo agora a viver – e conviver – com o amor real. Aquele que não lhe sufoca enquanto tenta apenas desfrutar da companhia alheia; aquele que não lhe desespera perante a liberdade do outro (entendida erroneamente como afastamento ilógico) ou mesmo aquele que apenas o é pelo simples sentir de ambos. O amor o é!

É como se a certeza inundasse meu coração e, mesmo nas horas de dúvida, a calmaria ainda me possuísse e fizesse com que as coisas tomassem seus rumos mais simples e lógicos. Longe de ser uma pessoa esclarecida o suficiente para fazer calar as dúvidas, às vezes me pego pensando como poderia alguém distinguir o amor de outros banais e simplórios sentimentos que, ora podem tomar as vestimentas dele próprio. A resposta me vem quase que imediatamente, como se alguém sussurrasse em meu ouvido: só sabemos que é! Sentimos.

Ultimamente tenho entendido que sinto o amor em comparação ao que já senti e descobri que não era. Claro que não apenas por isso, ainda tenho a pieguice de admitir que sinto a respiração ainda ofegante, minhas mãos geladas e um frio constante na barriga, mas tudo de forma natura... Acontece porque o sinto! Não sei se me faço entender, emoções são difíceis de explicar; mas, entendo eu que o amor é sentido – assim como tantas outras formas de sentimentos – mas se difere pela certeza de paz interior que ele proporciona. E é por essa paz que consigo admiti-lo e vivenciá-lo como único.

Sheila Liz
Enviado por Sheila Liz em 17/02/2011
Reeditado em 17/02/2011
Código do texto: T2798123
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